Baseado no clássico cinematográfico de 1934, “Uma Sombra Que Passa”, o elogiado “Encontro Marcado” reúne Anthony Hopkins e Brad Pitt em papéis elegantes e magnéticos, explorando temas como a mortalidade, o legado e a força avassaladora do amor. Sob a direção de Martin Brest, o filme apresenta uma narrativa singular e provocativa ao acompanhar a trajetória de William Parrish (Hopkins), um magnata da comunicação que, ao se aproximar do fim de sua vida, recebe uma visita inesperada e inevitável: a morte.
Contudo, diferente da representação habitual, a morte não aparece como um fenômeno abstrato ou uma força invisível. Em vez disso, ela se materializa na forma de Joe Black, um jovem misterioso, charmoso e intrigantemente ingênuo, interpretado por Brad Pitt. Sob esse disfarce humano, Joe propõe um acordo a Parrish: ele passará um período na suntuosa mansão do magnata, convivendo com sua família, em troca de ajudá-lo a organizar um desfecho digno e respeitável para sua vida e seu império corporativo.
A relação entre Parrish e Joe, no entanto, é repleta de tensões. Enquanto Joe dita as regras com autoridade e pouco espaço para negociação, Parrish, ainda que relutante, é compelido a aceitar os termos. O peso da consciência sobre sua própria mortalidade é um fardo difícil de carregar, especialmente quando ele considera o impacto de sua ausência na família. Sua maior preocupação é com Susan (Claire Forlani), sua filha caçula e confidente, além de com o futuro de sua empresa, ameaçado pela influência oportunista de Drew (Jake Weber), o noivo de Susan e seu provável sucessor.
Conforme a trama se desenrola, um elemento inesperado complica ainda mais a dinâmica: Joe e Susan se aproximam, e o que começa como uma atração sutil evolui para um romance intenso. Susan, que inicialmente planejava seu futuro ao lado de Drew, se vê fascinada por Joe, acreditando que ele é apenas um homem misterioso e profundamente encantador, sem desconfiar de sua verdadeira identidade. O relacionamento entre os dois provoca um misto de preocupação e desaprovação em Parrish, que teme pela segurança emocional da filha e pela possibilidade de Joe decidir levá-la consigo para além da vida.
Para Joe, o envolvimento com Susan traz um dilema existencial profundo. Ele, que deveria ser apenas um observador imparcial da vida, começa a questionar os próprios limites de sua função como a personificação da morte. Poderia a morte amar a vida? Como lidar com sentimentos tão intensos quanto inesperados? E como revelar à mulher que ama que ele está ali para cumprir uma tarefa inevitável: levar o pai dela?
Essas questões, por mais impossíveis que pareçam, são abraçadas pelo filme com a liberdade que apenas a ficção pode proporcionar. Brest constrói uma narrativa repleta de contrastes, mesclando momentos de melancolia e reflexão com uma aura elegante e misteriosa. Apesar de explorar temas sombrios, a atmosfera não é assustadora. O filme se equilibra entre o drama, o romance e uma sutil dose de suspense, criando o que se poderia chamar de um “soft mystery” com doses de erotismo e introspecção.
★★★★★★★★★★