O filme que pode fazer história ao dar 4 Oscars a mulheres em 2025 pode ser assistido na MUBI, pelo Prime Video Channels Divulgação / MUBI

O filme que pode fazer história ao dar 4 Oscars a mulheres em 2025 pode ser assistido na MUBI, pelo Prime Video Channels

Elisabeth Sparkle (Demi Moore) vive o sonho de muitas: bela, famosa e no auge do sucesso. Contudo, os anos passam e a estrela de um popular programa de aeróbica enfrenta a realidade do envelhecimento. Ao perceber que já não ostenta a forma de outrora, ela ainda é surpreendida pela demissão imposta por seu chefe, que decide substituí-la por uma jovem com idade entre 18 e 30 anos, mais alinhada aos padrões exigidos pelo mercado.

Em meio ao desespero, surge uma proposta inusitada: um laboratório lhe oferece uma substância revolucionária capaz de transformar sua vida. O medicamento prometia algo inimaginável — criar um segundo corpo dentro do seu, mais jovem, irresistível e inquestionavelmente perfeito. Ao aceitar, Elisabeth acredita ter encontrado a chance de resgatar sua glória perdida, mas o que parecia ser a solução revela-se uma trama inquietante e perigosa.

O longa-metragem explora com profundidade os efeitos cruéis da pressão estética e da obsessão pela beleza. Elisabeth não é apenas uma mulher insatisfeita com sua imagem; sua solidão, ausência de vínculos afetivos e aprisionamento emocional revelam uma personagem fraturada pela busca incessante por aceitação. Seu enorme apartamento, antes símbolo de sucesso, torna-se um cenário sufocante, refletindo seu vazio interior e o peso da fama desaparecida.

A direção de Coralie Fargeat utiliza a linguagem visual e sonora para criar uma experiência visceral e inquietante. O absurdo e a violência estética são levados ao extremo, com cenas que desafiam o espectador desde o início. O ponto de virada ocorre na impactante cena em que Sue, a nova versão de Elisabeth, emerge do corpo original, deixando-o como uma casca descartada. A relação entre ambas torna-se o motor da narrativa, expondo o custo físico e emocional de seus atos.

A regra do experimento é clara: cada versão vive apenas uma semana, alternando entre vitalidade e estado vegetativo. Contudo, Sue, agora apresentadora do programa que Elisabeth perdeu, ultrapassa o limite temporal, gerando consequências devastadoras. O corpo original, cada vez mais deteriorado, se transforma em um retrato grotesco da busca insana por perfeição, enquanto as escolhas de Sue levam a um colapso irreversível.

Fargeat cria um espetáculo de repulsa e fascínio, utilizando elementos como o banheiro claustrofóbico, símbolo do aprisionamento emocional, e a comida compulsivamente ingerida por Elisabeth, como metáfora para seu vazio existencial. Cada detalhe amplifica a atmosfera de angústia, culminando em uma sucessão de imagens que causam reações físicas intensas no público.

O filme vai além do horror explícito e dialoga com questões contemporâneas, como a obsessão por corpos ideais e o uso indiscriminado de medicamentos e cirurgias estéticas. Referências a produtos como Ozempic e dietas extremas reforçam a conexão com a realidade, alertando sobre os perigos da busca por padrões inatingíveis.

Sem pretensões de prêmios comerciais, a obra provoca reflexões urgentes. A pressão estética, sem limites visíveis, continua a adoecer mulheres em busca de aceitação. O filme, em sua brutalidade, destaca o custo dessa obsessão, mostrando o impacto de uma sociedade que não aceita o natural envelhecer. Fargeat afirma sua relevância ao trazer à tona um tema que ressoa de forma poderosa, especialmente sob a ótica feminina.

Filme: A Substância
Diretor: Coralie Fargeat
Ano: 2024
Gênero: Ficção Científica/Terror
Avaliação: 10/10 1 1
★★★★★★★★★★