Subestimado pela crítica, o filme de Guy Ritchie que Tarantino idolatra está no Prime Video Divulgação / Miramax

Subestimado pela crítica, o filme de Guy Ritchie que Tarantino idolatra está no Prime Video

De tempos em tempos, a sociedade volta sua atenção à possível legalização das drogas, com discussões fervilhando nos mais variados círculos, desde bares até tribunais. Nessas ocasiões, teorias inusitadas e previsões sobre os impactos dessa medida proliferam rapidamente, apenas para desaparecer com a mesma rapidez com que surgiram, deixando no ar uma atmosfera de incerteza e especulação.

A cannabis sativa, cultivada há milênios, é um exemplo claro dessa dualidade. Caso fosse extinta da noite para o dia, histórias como as retratadas em obras como “Magnatas do Crime” perderiam sua razão de ser. Contudo, a realidade aponta na direção oposta, com o consumo de substâncias psicoativas crescendo exponencialmente, abastecendo um mercado ilícito que envolve tanto consumidores em busca de fuga quanto figuras complexas como traficantes e policiais corruptos, que entram nesse jogo de interesses em troca de vantagens financeiras.

Guy Ritchie, em parceria com Ivan Atkinson e Marn Davies, utiliza a narrativa de um americano brilhante no comércio de maconha para explorar reflexões mais amplas sobre a relação humana com os entorpecentes. O protagonista, que constrói um império aproveitando-se da decadência da aristocracia inglesa, torna-se o centro de uma trama que combina humor ácido com críticas incisivas, revelando como o fascínio pelos entorpecentes é um reflexo das contradições e fragilidades humanas.

Entender os outros e oferecer-lhes um gesto genuíno de bondade parece uma tarefa monumental, exigindo um esforço emocional equivalente a atravessar mundos. Muitas vezes, a conexão humana só é possível quando mergulhamos profundamente em nossas próprias sombras, um processo que ilumina não apenas nosso entendimento, mas também nossa capacidade de empatia.

A humanidade vive em uma constante tensão entre a busca por salvação e a vulnerabilidade que exige um salvador. Nesse cenário, Michael Pearson emerge como símbolo dessa dinâmica: um empresário sagaz que aproveitou as falhas do sistema para construir um império, enfrentando tanto rivais poderosos quanto a ineficácia das autoridades.

A trajetória de Mickey começa de forma modesta, com o cultivo em terrenos de antigas propriedades medievais, mas rapidamente se expande para o mercado americano, desafiando os poderosos já estabelecidos no setor. No primeiro ato, Ritchie posiciona Mickey diante de dois possíveis compradores para seu império: um magnata judeu-americano e um gângster chinês conhecido como Olho Seco. A partir daí, a trama se desenrola em um jogo de poder e traições, com um elenco que dá vida à história em performances que oscilam entre a leveza e a tensão.

Filme: Magnatas do Crime
Diretor: Guy Ritchie
Ano: 2019
Gênero: Ação/Crime
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★