De saída da Netflix: o filme que convida até os incrédulos a darem uma segunda chance à esperança Katherine Bomboy / Bleecker Street

De saída da Netflix: o filme que convida até os incrédulos a darem uma segunda chance à esperança

A vida é uma sucessão de enredos inesperados, muitas vezes marcados por fracassos que, à primeira vista, parecem definitivos, mas que podem revelar caminhos inexplorados para alcançar sonhos antigos. Enfrentar obstáculos aparentemente intransponíveis exige coragem e uma disposição inabalável para a luta. Nos momentos de incerteza, cada indivíduo se confronta com suas próprias angústias, descobrindo forças ocultas e uma clareza de propósito que emergem em instantes de solidão e reflexão. Manter a essência pessoal enquanto se persegue as transformações necessárias é um desafio que define a grandeza do ser humano, tornando esse equilíbrio uma das mais difíceis conquistas da vida.

O desejo — e a necessidade — de reescrever o próprio destino se impõe em tempos de adversidade, quando o que se busca é apenas o direito de viver com dignidade e conquistar um futuro livre de amarras. Em “Brian Banks: Um Sonho Interrompido” (2019), Tom Shadyac aborda a trajetória de um promissor jogador de futebol americano que, mesmo diante de uma injustiça devastadora, se recusa a aceitar a derrota. No enredo, a luta pela justiça e pela redenção é conduzida com vigor, iluminando as complexidades de um sistema falho e os sacrifícios necessários para recuperar tudo o que parecia perdido. Trata-se de um convite à reflexão sobre a força de um indivíduo que enfrenta o impossível sem abrir mão de seus princípios.

Doug Atchison cria um roteiro inspirado na história real de Brian Banks, um ex-jogador da NFL acusado falsamente de estupro no auge de sua ascensão no esporte. Sem orientação adequada, Banks enfrentou um julgamento implacável, foi condenado a seis anos de prisão e passou a conviver com um estigma que o perseguiu por anos. Em tempos de crescente empoderamento feminino, casos como o dele são frequentemente vistos sob uma ótica enviesada, e o filme não hesita em destacar a complexidade de julgamentos feitos à sombra de preconceitos e pressões sociais. Shadyac explora o argumento com sensibilidade, enfatizando como a acusação contra Banks tinha contornos de armação, ocultando uma verdade ainda mais constrangedora.

A produção apresenta Aldis Hodge como Banks, um jovem linebacker da Polytechnic High School de Long Beach, cuja vida desmorona após rejeitar os avanços de uma colega. A garota, chamada Kennisha Rice no filme, acusa-o de agressão em circunstâncias que desafiam a lógica. O diretor sublinha a ironia de um rapaz com futuro promissor e carisma inegável ser arrastado para um pesadelo por desafiar os estereótipos que o cercavam. A narrativa constrói habilmente o contraste entre a força física do atleta e a vulnerabilidade diante de uma acusação tão grave, que poderia ter sido evitada com uma escolha diferente naquele fatídico dia.

No segundo ato, a trama ganha força com a entrada de Justin Brooks, advogado interpretado por Greg Kinnear, e da personal trainer Karina Cooper, vivida por Melanie Liburd. A relação entre Banks e Karina é delicadamente trabalhada, com Liburd trazendo nuances que revelam a complexidade emocional de sua personagem. Karina, marcada por traumas que poderiam afastá-la de alguém com o histórico de Banks, encontra nele não apenas um parceiro, mas um motivo para superar suas próprias barreiras. O filme constrói um retrato de esperança e determinação, explorando o poder das relações humanas na busca pela superação e pela verdade.

Filme: Brian Banks: Um Sonho Interrompido
Diretor: Tom Shadyac
Ano: 2019
Gênero: Biografia/Drama
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★