O faroeste se destaca como um dos gêneros mais emblemáticos e duradouros do cinema, combinando aventuras intensas, dilemas éticos e a iconografia singular do Oeste americano. Como mencionou Fernanda Torres em entrevista ao programa “Jimmy Kimmel Live”, os Estados Unidos dominam a arte de exportar sua própria cultura, e os faroestes exemplificam essa habilidade. Apesar de enraizado em uma realidade histórica americana, o gênero transcendeu fronteiras, cativando espectadores ao redor do mundo e consolidando-se como um fenômeno global.
Kevin Costner, ator e cineasta estreitamente associado ao faroeste, decidiu investir em um projeto ambicioso, que considera sua realização máxima. Dividida em duas partes, a saga “Horizon” marca essa aposta ousada. A primeira parte já está disponível no streaming, enquanto a segunda tem sido exibida em festivais internacionais, recebendo elogios da crítica especializada.
“Horizon — Parte 1” situa-se em um Oeste americano devastado, onde a nascente cidade de Horizon emerge em meio às cicatrizes da Guerra Civil e conflitos territoriais. A narrativa explora a formação e o colapso de famílias, destacando a convivência tensa entre colonos e indígenas, os primeiros habitantes dessas terras. No entanto, como é habitual no gênero, a perspectiva predominante é a dos colonos brancos.
A trama central acompanha Frances Kittreadge (Sienna Miller), que, após perder o marido e o filho em um ataque indígena, luta para reerguer-se ao lado de sua filha Lizzy (Georgia MacPhaill). O ataque, que devastou um acampamento às margens do rio próximo a Horizon, deixa um rastro de luto e destruição. Neste cenário, entra Trent Gephart (Sam Worthington), oficial do exército americano que atua como mediador entre colonos e nativos. Enquanto enfrenta dilemas éticos, ele se aproxima de Frances, e um vínculo entre os dois começa a se formar.
Paralelamente, Hayes Ellison (Kevin Costner), um cowboy idealista, protege Marigold (Abbey Lee), uma prostituta que assume os cuidados de Sam, filho de Ellen (Jean Malone), mulher que lhe oferece abrigo. Após presenciar um assassinato, Marigold torna-se alvo de criminosos, mas encontra em Hayes um aliado disposto a defendê-la em busca de segurança.
A narrativa se ramifica ainda mais: Ellen e seu marido são perseguidos pelos mesmos bandidos que caçam Marigold, enquanto Will Tanner (David Arquette), um caçador de peles, auxilia pioneiros a encontrar terras seguras. Essas tramas paralelas enriquecem o enredo, mas tornam a primeira parte do filme complexa, deixando muitas questões para serem resolvidas na sequência.
Com ritmo deliberado e estrutura inacabada, “Horizon — Parte 1” funciona mais como uma introdução a um universo maior. Para Kevin Costner, no entanto, o projeto representa a culminação de décadas de esforço. Desde 1988, ele enfrentou diversos desafios para viabilizar o filme, chegando a financiar grande parte dos custos com recursos próprios, hipotecando seu patrimônio e investindo 50 milhões de dólares.
Apesar disso, o desempenho de bilheteria foi modesto, arrecadando 35 milhões de dólares, insuficientes para cobrir os custos de produção. A boa recepção da segunda parte, no entanto, traz otimismo quanto ao retorno financeiro e à consagração dessa empreitada audaciosa.
“Horizon — Parte 1” traduz o comprometimento de Costner com o faroeste, encapsulando os conflitos, as aspirações e as dores de uma era crucial na história americana. O impacto completo da saga, porém, só será plenamente avaliado com a chegada de sua conclusão, quando as peças finalmente se encaixarão, revelando a verdadeira amplitude do projeto.
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