A busca por um ideal de amor é uma ilusão compartilhada por muitos. Projetamos nos outros características que julgamos essenciais, mas que, muitas vezes, nem nós mesmos possuímos. Olhos de tonalidade específica, cabelos com certa textura, habilidades artísticas ou intelectuais, bens materiais, humor afiado… Tudo isso compõe um padrão inalcançável. O amor verdadeiro, porém, foge dessas amarras; é um encontro entre imperfeições e virtudes, reservado àqueles dispostos a acolher ambos.
Baseado no livro de Suzanne Allain e adaptado pela própria autora sob a direção de Emma Holly Jones, “A Lista do Sr. Malcolm” apresenta Julia Thistlewaite (Zawe Ashton), uma jovem da aristocracia que almeja conquistar o cobiçado Sr. Malcolm (Ṣọpẹ́ Dìrísù). Após acompanhá-lo à ópera, Julia é descartada como potencial esposa por não cumprir os critérios do exigente cavalheiro. A rejeição vira assunto na sociedade, deixando Julia exposta ao ridículo.
Determinada a recuperar sua reputação, Julia une-se à amiga Selina Dalton (Freida Pinto) para arquitetar um plano ousado. Ao descobrir que Malcolm possui uma lista de requisitos para sua futura esposa, Julia decide treinar Selina para corresponder a esses critérios, convencendo-a a seduzi-lo e, em seguida, humilhá-lo publicamente. O plano, no entanto, se complica quando Selina desenvolve sentimentos genuínos por Malcolm, colocando a amizade entre elas em xeque.
Nesse dilema, a narrativa se debruça sobre uma questão fundamental: o que deve prevalecer, o amor ou a lealdade? À medida que os laços entre os personagens se entrelaçam, o filme explora as nuances dessas escolhas e suas consequências. Selina, dividida entre a lealdade à amiga e seus próprios sentimentos, e Julia, cega pelo orgulho, revelam aspectos universais das relações humanas.
Inspirando-se no universo de Jane Austen, a obra traz uma protagonista perspicaz e cheia de nuances. Julia, com seu humor mordaz e personalidade estratégica, lembra as heroínas astutas da autora inglesa, que navegavam as intricadas convenções sociais do século 19. Apesar de seus defeitos, Julia demonstra traços de sensibilidade, humanizando sua jornada.
Essa adaptação de Allain combina o charme de uma comédia romântica com uma estética elegante e um toque de crítica social. Embora não seja uma narrativa de grande profundidade, o filme entrega uma experiência leve e divertida. É uma história ideal para aqueles que apreciam um romance com reviravoltas e intrigas bem-humoradas, equilibrando humor e emoção com habilidade.
★★★★★★★★★★