Sequência do filme que deu o Oscar de Melhor Ator a Joaquin Phoenix em 2020 pode lhe render o prêmio de Pior Ator em 2025 — no Max Divulgação / Warner Bros.

Sequência do filme que deu o Oscar de Melhor Ator a Joaquin Phoenix em 2020 pode lhe render o prêmio de Pior Ator em 2025 — no Max

“Senhoras e senhores, sejam bem-vindos ao espetáculo!” Ainda que a frase tenha ecoado com impacto em um dos momentos mais intensos de “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (2008), dirigido por Christopher Nolan, infelizmente o mesmo não se aplica a “Coringa: Delírio a Dois”. Todd Phillips, ao revisitar o icônico antagonista da cultura pop, tenta explorar a humanidade por trás do sorriso cínico e da maquiagem marcante, mas tropeça em uma narrativa que nunca encontra seu ritmo. Enquanto alguns consideram seu “Coringa” de 2019 controverso, especialmente pelo final audacioso, este novo filme não possui o mesmo magnetismo, entregando uma experiência cansativa e desconexa. A essência do personagem idealizado por Bob Kane, Bill Finger e Leslie H. Martinson é quase irreconhecível, diluída em um roteiro que parece evitar o confronto direto com a complexidade que fez do Coringa um ícone.

Ao invés de dar continuidade ao legado do palhaço diabólico que atormentava Gotham City, “Delírio a Dois” se centra em Arthur Fleck, um homem quebrado, aprisionado em Arkham e consumido pela própria mente. O Coringa de outrora quase desaparece, substituído por uma figura retraída e perdida, que protagoniza um estudo psicológico com tons melancólicos. Phillips e o roteirista Scott Silver criam uma abordagem lírica para explorar a desordem mental de Fleck, mas sacrificam o fascínio e a ameaça que definem seu alter ego. Detido, Arthur imagina-se em um musical contínuo, entre piadas e canções que servem tanto como escape quanto como reflexo de sua instabilidade. Em um raro momento de alívio, ele encontra algum conforto nas aulas de canto oferecidas em Arkham, onde conhece Lee Quinzel, cuja relação promete um arco instigante, mas subdesenvolvido.

Joaquin Phoenix, embora competente, entrega uma performance que recicla elementos de sua abordagem anterior, sem alcançar a transformação que encantou o público no primeiro filme. Lady Gaga, apesar de seu talento inegável, também não brilha como esperado, limitando-se a um papel que pouco acrescenta ao enredo. Sua presença não consegue replicar o impacto de suas atuações em produções marcantes, como a nova versão de “Nasce Uma Estrela” (2018). Com pretensões de ser um musical, o filme não se compromete com o formato de forma satisfatória, e a falta de ousadia artística reforça sua desconexão. “Coringa: Delírio a Dois” se apresenta como um mergulho na loucura, mas termina como uma jornada desordenada e pouco memorável.

Filme: Coringa: Delírio a Dois
Diretor: Todd Phillips
Ano: 2024
Gênero: Musical/Thriller
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★