Sergio Leone (1929-1989) permanece como um dos grandes nomes do cinema, sua visão sobre o Velho Oeste redefiniu o gênero. Imitado incansavelmente, o cineasta captou a essência desoladora e ética ambígua daquele universo, povoado por figuras intensas. Entre suas realizações notáveis, poucas igualam a profundidade de “Três Homens em Conflito”, onde o contraste entre a vastidão opressora das paisagens e a pequenez dos personagens é orquestrado com precisão. A grandiosidade de seus enquadramentos, uma assinatura inconfundível, amplifica o desconforto e o silêncio em cena, promovendo reflexões sutis sobre a ideia de liberdade que movia aqueles homens.
Em “Terra Sem Lei” (2019), Ivan Kavanagh revisita o legado de Leone, inspirado pelo espírito de “Por Um Punhado de Dólares” (1964) e pela obra de Kurosawa em “Yojimbo” (1961). No clássico de Leone, um roteiro assinado por Agenore Incrocci, Furio Scarpelli e Luciano Vincenzoni conduz o trio de protagonistas ao centro de um cemitério, onde uma fortuna em ouro desencadeia tensões implacáveis. O enigmático Homem sem Nome, o Bom, mira no Mau, enquanto o Feio é envolvido na espiral de desconfiança. O suspense, meticulosamente construído, reflete o humor ácido e a autoconsciência típica do diretor, ampliando o impacto emocional e narrativo.
Os westerns, ambientados nos Estados Unidos dos séculos 18 e 19, rejeitam análises anacrônicas. Clint Eastwood, aos 36 anos, encarna com perfeição o arquétipo rebelde. Eli Wallach, como Tuco, vive um forasteiro eternamente deslocado, enquanto Lee Van Cleef, em sua longa trajetória de atuação, imprime a frieza exata a Angel Eyes. Leone extrai desempenhos excepcionais, adequados à narrativa que consolidou o subgênero. Sua obra-prima elevou o spaghetti western a um patamar singular, celebrando o estilo com vigor que ressoa até hoje. O sabor permanece inconfundível.
★★★★★★★★★★