Denis Villeneuve continua a buscar novos patamares em cada projeto que assume. Em sua missão de revitalizar “Duna”, icônica saga literária de Frank Herbert (1920–1986), lançada entre 1965 e 1985 e já um clássico do cinema, o diretor optou por afastar-se das extravagâncias de David Lynch na adaptação de 1984. Em “Duna: Parte Um” (2021), ele entrega uma obra que conjuga luz e som no auge da tecnologia deste século, criando um espetáculo visual e sonoro.
“Duna: Parte Dois” dá sequência à narrativa do jovem Paul Atreides, um monarca em ruínas que atravessa transformações físicas e espirituais profundas. Este capítulo aprofunda a atmosfera de estranheza estética do primeiro filme, ao mesmo tempo que exige uma performance ainda mais madura de Timothée Chalamet, cujo personagem evolui de um líder hesitante para alguém que domina tanto a espada quanto as complexidades emocionais. O resultado é uma atuação visceral e sensível, consolidando ainda mais a carreira do ator.
O enredo retorna ao hostil planeta Arrakis, cuja riqueza está nas especiarias protegidas por vermes gigantes. Este ambiente de opressão é o palco para a ascensão de Paul como o messias dos Fremen, insurgindo-se contra tiranos que exploram o povo. Villeneuve resgata o funeral de Jamis, adversário de Paul, para introduzir uma reviravolta crucial: o protagonista assume o lugar do inimigo morto, alterando drasticamente sua relação com a mãe, Jessica, e sua jornada.
Rebecca Ferguson revela novos matizes de Jessica, que agora divide com Paul uma existência nômade, marcada por privações e rituais espirituais. Esses elementos permitem que Villeneuve reforce o papel essencial das especiarias, substâncias que expandem a consciência e são guardadas pelos gigantescos vermes subterrâneos, dispostos a reagir violentamente contra intrusos.
No ato final, a narrativa se alinha com a visão provocativa de Herbert. A fotografia de Greig Fraser, premiada pelo trabalho em “Duna: Parte Um”, se destaca novamente, especialmente nas cenas em preto e branco da arena comandada por Feyd-Rautha. Austin Butler entrega um vilão repugnante e imponente, enquanto Javier Bardem é mais convencional como Stilgar. Paul, ciente de que seus desafios só aumentarão, se prepara para os eventos que Villeneuve promete explorar no próximo filme.
★★★★★★★★★★
