Ambientado em Washington D.C., mas filmado em Providence, “Criminosos de Novembro” combina mistério e romance adolescente sob a direção de Sacha Gervasi. Adaptado do romance de Sam Munson, o roteiro passou por ajustes do cineasta, que reimaginou a obra previamente adaptada por Steven Knight. Protagonizado por Ansel Elgort e Chloë Grace Moretz, o filme apresenta Addison Schacht e Phoebe, dois jovens envolvidos em um enredo que mistura dramas pessoais e uma busca por justiça.
A trama inicia com Addison e Phoebe como colegas e confidentes. Eles compartilham momentos de reflexão no ensino médio e, em um diálogo dentro de um carro antigo, discutem aplicações para universidades. Addison, um jovem que se considera intelectual e à moda antiga, insiste em entregar sua candidatura pessoalmente, em contraste com Phoebe, que aponta as vantagens da tecnologia. Essa dinâmica inicial expõe traços da personalidade de Addison: um ávido leitor de livros físicos e admirador de David Bowie, cuja arrogância e desejo por autenticidade o destacam, mas também o isolam.
A trama se intensifica quando ambos entram em uma cafeteria e se encontram com Kevin (Jared Kemp), um amigo afro-americano descrito como inteligente e gentil. Minutos depois, enquanto Addison e Phoebe retornam ao carro, ele faz uma confissão: seu interesse por ela vai além da amizade. A abordagem soa egocêntrica, mas, surpreendentemente, Phoebe revela estar disposta a iniciar sua vida sexual com ele. Esses momentos, embora breves, ilustram uma complexidade juvenil marcada por incertezas e impulsos típicos da idade.
No entanto, a leveza do momento é interrompida por uma tragédia repentina. Pouco depois de deixarem a cafeteria, um homem em uma motocicleta estaciona, entra no estabelecimento e atira contra Kevin, fugindo logo em seguida. A brutalidade do evento domina os noticiários, mas é através de um telefonema e de uma mensagem no pager de Addison — um detalhe que reforça sua preferência por tecnologias antigas — que os dois amigos recebem a notícia devastadora da morte de Kevin.
Com a investigação policial apontando para um crime ligado a gangues, Addison, convicto da inocência de Kevin, decide conduzir sua própria investigação. Essa decisão reflete tanto sua luta para lidar com o luto quanto seu desejo de limpar o nome do amigo. No entanto, sua busca o leva a enfrentar perigos inesperados, tanto na escola quanto fora dela, em uma jornada marcada por revelações que desafiam suas próprias percepções.
Disponível na Netflix, “Criminosos de Novembro” apresenta elementos capazes de entreter, mas também carrega falhas que comprometem seu impacto. A direção de Sacha Gervasi falha em construir empatia pelo protagonista, cuja arrogância e comentários insensíveis — ainda que não intencionais — revelam traços problemáticos. Phoebe, por sua vez, é retratada de forma superficial, carecendo de profundidade ou desenvolvimento significativo. Apesar dessas limitações, as performances de Elgort e Moretz trazem certa consistência ao filme, demonstrando o esforço do elenco em superar os desafios do roteiro.
Embora não alcance todo o potencial de sua premissa, o longa oferece uma reflexão sobre os desafios da adolescência, a perda e a busca por redenção, ainda que de forma desigual. “Criminosos de Novembro” talvez não seja memorável, mas pode agradar àqueles que procuram uma narrativa com toques de mistério e drama juvenil.
★★★★★★★★★★