A série “Agente Noturno” conquistou um lugar de destaque em 2023, desafiando expectativas com uma narrativa envolvente e um estilo que evocava o melhor dos thrillers de conspiração. A primeira temporada encontrou um equilíbrio quase místico entre mistério, ação e suspense, cativando o público e alcançando o topo das mais assistidas na Netflix. Este sucesso, no entanto, trouxe à segunda temporada o peso das expectativas, demandando não apenas a repetição de sua fórmula vencedora, mas também inovações que pudessem sustentar seu impacto. A trama expandiu seu horizonte, mas o desafio de equilibrar intensidade e profundidade tornou-se evidente, gerando momentos tanto de brilho quanto de mornação.
O retorno de Peter Sutherland, agora promovido a um verdadeiro “agente noturno”, amplia os limites da narrativa ao inseri-lo em missões internacionais, começando em Bangcoc, onde uma operação mal-sucedida marca o ponto de partida para a temporada. As cenas de perseguição, explosões e tiroteios garantem ação em ritmo acelerado, mas a série luta para manter o frescor do primeiro ano. Rose Larkin, parceira de Peter, retorna com seu raciocínio rápido e habilidades tecnológicas, mas, em vez de evoluir, sua presença parece replicar dinâmicas já exploradas, provocando uma sensação de déjà-vu que compromete a narrativa.
Uma das principais forças da segunda temporada está no subenredo que envolve Noor, uma espiã infiltrada na embaixada iraniana. A personagem, interpretada por Arienne Mandi, traz um ar de tensão autêntica, enfrentando os perigos de um regime paranoico enquanto tenta proteger sua família. Este arco não apenas imprime profundidade emocional, como também resgata a adrenalina típica da série, destacando-se pela química entre Noor e outros personagens, como Jawad, chefe de segurança da embaixada. Ao contrário da trama principal, que por vezes cai em clichês ou exageros pouco críveis, a história de Noor eleva o nível da produção, oferecendo momentos de verdadeiro impacto dramático que fazem o público prender a respiração.
Ainda assim, o foco em conspiradores internacionais e missões de espionagem global não é suficiente para mascarar as falhas estruturais. Os antagonistas frequentemente carecem de sutileza, ora parecendo estereotipados demais, ora tão absurdos que comprometem a credibilidade. A tentativa de humanizar vilões como Solomon, embora louvável, falha em sua execução. Personagens como Catherine sofrem com roteiros que não exploram plenamente seu potencial, deixando a sensação de que poderiam ter contribuído mais para a narrativa. Mesmo assim, momentos pontuais de ação e suspense conseguem resgatar parte da adrenalina que tornou a primeira temporada irresistível.
Ao longo de seus novos episódios, “Agente Noturno” se esforça para manter sua promessa de ser um “programa de TV cobertor de segurança” — um thriller reconfortante e descompromissado para ser maratonado. Contudo, a ausência de inovações mais significativas e a repetição de fórmulas deixam a segunda temporada em um patamar inferior. Apesar disso, a série cumpre seu papel de entreter, reafirmando sua identidade como uma produção despretensiosa, mas eficaz. No fim, “Agente Noturno” permanece como um lembrete de que nem todo thriller precisa reinventar a roda para capturar o público — às vezes, basta saber como conduzir a viagem.
Série: O Agente Noturno — 2ª temporada
Criação: Matthew Quirk e Shawn Ryan
Anos: 2023-2025
Gêneros: Thriller/Suspense/Aventura
Nota: 8/10