Pouquíssimos filmes na história do cinema vão te emocionar tão profundamente quanto esta pequena obra-prima que está no Max Kerry Brown / Sony Pictures Classics

Pouquíssimos filmes na história do cinema vão te emocionar tão profundamente quanto esta pequena obra-prima que está no Max

O amor, muitas vezes, assume a forma de um enigma devastador. Apaixonar-se pode representar um salto no desconhecido, especialmente quando essa entrega chega cedo demais. A existência, no entanto, nunca foi uma equação com resultados únicos e imutáveis. Para compreendê-la, é necessário vivê-la, testar seus limites e desafiar os próprios medos. É nesse percurso que arriscamos perder a lógica e abraçar as contradições, enfrentando a necessidade de se expor ao sofrimento para captar o que a vida pode oferecer.

Em um constante jogo de avanços e recuos, a trajetória humana se assemelha a uma dança com armadilhas, onde o prazer do risco se mistura à dor do erro. Antes mesmo de enfrentarmos as consequências, já nos rendemos às forças que juramos evitar, buscando respostas em experiências que nos desnudam e redefinem. E assim, entre acertos e falhas, nos encontramos reféns de escolhas que poderiam ter sido evitadas, mas que, paradoxalmente, nos aproximam da essência da vida.

A força de “Educação” reside no carisma de sua protagonista. Carey Mulligan, em sua estreia emblemática, encarna uma jovem de 16 anos com naturalidade impressionante, embora estivesse quase uma década além dessa idade ao filmar. Em Londres, no início dos anos 1960, Jenny é uma adolescente que reflete os dilemas de sua geração, equilibrando ingenuidade e rebeldia. Questionando padrões conservadores, adota ideias ousadas e discursos carregados de idealismo, mesmo que pouco definidos.

Sua busca por novidade a leva a David, um homem carismático e experiente, cuja diferença de idade, embora significativa, é habilmente neutralizada pelo roteiro de Nick Hornby e pela direção de Lone Scherfig. O encontro entre Jenny e David acontece sob uma perspectiva que mistura ingenuidade e erotismo, delineando a complexidade da relação. David não apenas encanta Jenny, mas conquista a confiança de seus pais, criando um elo que transcende o convencional. Porém, à medida que a história avança, a maturidade inesperada da jovem expõe as falhas do conto de fadas, revelando as armadilhas de um amor que não corresponde às expectativas.

Lone Scherfig transforma um enredo comum em um retrato magistral das desilusões individuais e coletivas. Ainda que a presença de Rosamund Pike seja subutilizada, “Educação” se destaca como um estudo delicado e profundo das escolhas e renúncias que moldam a trajetória humana. Ao se concentrar no universo de uma única personagem, revela-se universal em sua essência, consolidando-se como uma narrativa atemporal sobre crescimento, perda e autoconhecimento.

Filme: Educação
Diretor: Lone Scherfig
Ano: 2009
Gênero: Coming-of-age/Drama/Romance
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★