Proibido para cardíacos: suspense com Mark Ruffalo e Anne Hathaway está na Netflix e vale cada um de seus 126 minutos Divulgação / Dreamworks Pictures

Proibido para cardíacos: suspense com Mark Ruffalo e Anne Hathaway está na Netflix e vale cada um de seus 126 minutos

Sob a direção perspicaz de Todd Haynes, “O Preço da Verdade” transcende os limites de um drama jurídico, tornando-se uma denúncia contundente sobre os danos ambientais causados pela ganância corporativa. Baseado em fatos reais, o filme narra a história de Wilbur Tennant (Bill Camp), um fazendeiro de Parkersburg, West Virginia, que assiste impotente à morte misteriosa de seu gado. Desesperado, Tennant recorre ao advogado Rob Bilott (Mark Ruffalo), cuja decisão de investigar as atividades da gigante química DuPont desencadeia uma batalha titânica contra a negligência corporativa.  

A investigação conduzida por Bilott revela um cenário alarmante: os resíduos tóxicos da DuPont, especialmente o ácido perfluorooctanóico (PFOA), estavam contaminando o solo e a água da região. Essencial para a produção de teflon, o PFOA é uma substância notoriamente perigosa, acumulando-se no meio ambiente e provocando sérios riscos à saúde humana, como câncer e malformações congênitas. Determinado a responsabilizar a corporação, Bilott inicia uma ação judicial que logo se transforma em uma guerra de desgaste, marcada por manobras jurídicas prolongadas e pressões devastadoras.  

A luta de Bilott não se limita às audiências. No plano pessoal, ele enfrenta resistência dentro de seu escritório de advocacia, enquanto sua saúde mental e suas relações familiares sofrem os impactos de sua cruzada. O filme também destaca o sofrimento humano decorrente da contaminação: comunidades inteiras devastadas por doenças, crianças nascendo com problemas graves e um silêncio institucional que agrava ainda mais a tragédia.  

Mark Ruffalo entrega uma interpretação memorável de Bilott, equilibrando idealismo e exaustão de maneira visceral. Seu desempenho, fruto de uma preparação meticulosa que incluiu conversas com o verdadeiro advogado, é complementado por Anne Hathaway, que, no papel de Sarah Bilott, oferece uma perspectiva emocional à trama, retratando os desafios enfrentados pela família do protagonista.  

Com um orçamento modesto de 11 milhões de dólares, a produção opta pela sobriedade em vez do espetáculo, priorizando autenticidade e intensidade. A fotografia, marcada por tons sombrios, reforça a gravidade do enredo, enquanto o roteiro cuidadosamente construído mantém o espectador envolvido do início ao fim. A ausência de efeitos visuais elaborados é substituída por atuações poderosas e uma narrativa profundamente humana.  

A postura evasiva da DuPont, que se recusou a colaborar com a produção, é contraposta pela dedicação de um elenco coeso, incluindo Tim Robbins, Bill Pullman, Victor Garber e Mare Winningham. Juntos, eles compõem um retrato implacável das disparidades sistêmicas, onde a coragem individual se torna a única defesa contra a impunidade corporativa.  

Recebendo aclamação crítica e uma aprovação de 89% no Rotten Tomatoes, “O Preço da Verdade” vai além de um alerta sobre poluição ambiental. É uma convocação poderosa à responsabilidade social, um lembrete dos custos humanos da negligência empresarial e uma celebração do papel transformador da persistência e da verdade. Mais do que um filme, é um manifesto que desafia o espectador a refletir sobre os impactos de suas próprias escolhas no mundo ao seu redor. 

Filme: O Preço da Verdade
Diretor: Todd Haynes
Ano: 2019
Gênero: Drama/Suspense
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★