Indicado a 5 Oscars em 2025 e aplaudido de pé em Cannes por 11 minutos, o melhor filme de Demi Moore está no Mubi, no Prime Video Divulgação / MUBI

Indicado a 5 Oscars em 2025 e aplaudido de pé em Cannes por 11 minutos, o melhor filme de Demi Moore está no Mubi, no Prime Video

A gravidade opera de forma impessoal, mas para Elisabeth Sparkle, ela se torna uma maldição. A ex-estrela de ginástica na TV, que há anos luta para manter relevância, é descartada por Harvey, seu chefe, um executivo grotesco que busca uma substituta bem mais jovem. Como recompensa por sua dedicação, ele lhe entrega um presente irônico: um livro de culinária francesa, sinal claro de que seu tempo na tela chegou ao fim.

Se não fosse pelo desenrolar inusitado, esta produção poderia ser comparada a obras como “Replace” (2017), de Norbert Keil; “A Pele Que Habito” (2011), de Pedro Almodóvar; ou ainda a comédia sombria “A Morte lhe Cai Bem” (1992), de Robert Zemeckis. No entanto, Coralie Fargeat eleva a tensão a extremos inesperados, misturando ficção científica e o mais intenso gore, criando uma experiência única que desafia convenções sem medo de retaliações.

O longa abraça o zeitgeist, mergulhando no fascínio atual por soluções estéticas imediatas, como as promessas de tratamentos milagrosos que eliminam décadas ou quilos em instantes, ainda que os riscos permaneçam ocultos. Elisabeth, guiada por um misto de desespero e esperança, recorre à misteriosa Substância, um tratamento revelado por um enfermeiro enigmático. Sua busca pela juventude é acompanhada por uma estética vibrante, onde o brilho kitsch e néon intensifica o contraste entre a promessa de renovação e o horror latente.

O tratamento, no entanto, exige um preço inusitado: a paciente e sua versão rejuvenescida, Sue, devem alternar-se no controle do corpo a cada sete dias. Demi Moore e Margaret Qualley brilham ao interpretar essas versões de Elisabeth, inicialmente em harmonia quase maternal e, posteriormente, como adversárias ferozes. A relação entre hospedeira e parasita se desintegra à medida que ambas ignoram as regras, culminando em uma disputa mortal.

O filme, no entanto, comete o erro de prolongar sua narrativa. A transição para um segundo ato, com a reaplicação do método e a criação do híbrido monstruoso “Elisasue”, resulta em uma sequência de violência extrema que dilui a força inicial da história. O desfecho, carregado de ironia metalinguística, acaba transformando o impacto anterior em um artifício cansativo, comprometendo o potencial de um final mais coeso e memorável.

Filme: A Substância
Diretor: Coralie Fargeat
Ano: 2024
Gênero: Drama/Ficção Científica/Terror
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★