Escrito e dirigido por Jonathan Kasdan, “Eu e as Mulheres” (2007) narra a jornada emocional de Carter Webb (Adam Brody), um jovem escritor que tenta encontrar sentido em sua vida após enfrentar uma série de contratempos pessoais e profissionais. Vivendo em Los Angeles, uma cidade onde grande parte das pessoas está envolvida com o showbiz, Carter se dedica à escrita, mas sofre com um bloqueio criativo que já dura anos. Ele planeja escrever um livro autobiográfico sobre sua vida na cidade, mas o término inesperado com sua namorada, a atriz Sofia Buñuel (Elena Anaya), o desestabiliza completamente.
Sofia, em ascensão no mundo das celebridades, decide terminar o relacionamento, algo que, embora previsível, pega Carter desprevenido. Sentindo-se perdido, ele decide deixar Los Angeles e passar um tempo em um subúrbio de Detroit, onde sua avó Phyllis (Olympia Dukakis) vive. Carter espera que essa mudança temporária o ajude a superar o término e a recuperar sua inspiração para escrever.
No entanto, o sossego que ele tanto almeja está longe de se concretizar. Phyllis, apesar de ter a saúde debilitada, é uma mulher de personalidade forte e sinceridade cortante. Ela pretende deixar sua casa como herança para Carter, mas seu jeito ríspido não facilita a convivência, nem com o neto nem com os vizinhos. Entre eles está Sarah Hardwicke (Meg Ryan), que enfrenta um momento delicado após ser diagnosticada com câncer de mama.
Sarah, abalada com a notícia, começa a reavaliar sua vida, seu casamento com Nelson (Clark Gregg) e a relação com suas duas filhas: Lucy (Kristen Stewart), uma adolescente rebelde, e Paige (Mackenzie Vega), a caçula inteligente e madura. Os caminhos de Sarah e Carter se cruzam quando o cachorro da família, Bozo, foge de casa. Durante um passeio pela vizinhança, os dois começam a compartilhar suas angústias, criando uma conexão. Enquanto Carter desabafa sobre o término com Sofia, Sarah guarda para si a notícia de sua doença, mas a amizade entre eles se fortalece.
Paralelamente, Sarah incentiva Lucy, que enfrenta os desafios típicos da adolescência, como inseguranças, problemas na escola e dificuldades em lidar com a mãe, a se aproximar de Carter. A relação entre Carter e Lucy evolui de forma inesperada, com ele se tornando um confidente e conselheiro. Contudo, essa proximidade gera tensões, pois Carter, inadvertidamente, começa a nutrir sentimentos complexos tanto por Sarah quanto por Lucy, criando um emaranhado de confusões emocionais.
Enquanto isso, Carter também se reconecta com sua avó, compreendendo melhor suas motivações e o isolamento que ela impôs a si mesma ao longo dos anos. Ele descobre que, por trás da rigidez de Phyllis, há uma vulnerabilidade que ela raramente demonstra. Essas dinâmicas familiares e interpessoais levam Carter a mergulhar em uma jornada de autodescoberta, embora, ironicamente, ela também amplifique seus conflitos internos.
O processo de amadurecimento de Carter não é gradual e está longe de oferecer respostas definitivas. No entanto, as experiências e os desafios enfrentados por ele acabam por desbloquear sua criatividade, permitindo que ele encontre inspiração para escrever novamente. As complexidades das relações humanas e os dilemas que surgem ao longo do caminho são o verdadeiro foco de “Eu e as Mulheres”, um filme que se aprofunda nas nuances da existência e evita respostas fáceis.
Existencialista e introspectivo, o longa não se preocupa em oferecer soluções definitivas ou lições morais claras. Em vez disso, convida o público a refletir sobre a inevitabilidade dos problemas e a necessidade de assumir a responsabilidade por nossas escolhas e ações. A performance de Adam Brody, repleta de naturalidade, confusão emocional e sinceridade, torna o personagem ainda mais autêntico, criando uma conexão imediata com o espectador.
“Eu e as Mulheres” é um retrato sensível das imperfeições humanas, mostrando que, muitas vezes, os aprendizados que adquirimos ao longo da vida não eliminam nossos problemas, mas nos ajudam a enfrentá-los com mais consciência e empatia.
★★★★★★★★★★