O filme mais assistido de 2025 no Max Divulgação / Columbia Pictures

O filme mais assistido de 2025 no Max

“Venom 3: A Última Rodada” parece uma história de amizade e, por que não, de amor — um amor estranhíssimo, mas amor de qualquer maneira. Em raras circunstâncias, uma produção sobre heróis e anti-heróis dos quadrinhos da Marvel foi tão feliz ao casar sequências incansavelmente ágeis e tiradas cômicas na medida, mantendo o espectador interessado no que se desenrola no eixo da narrativa ao passo que provoca o riso todas as vezes em que os dois protagonistas, unidos a contrapelo num mesmo corpo, acham de discutir a relação diante de nossos olhos. Kelly Marcel tira de seu elenco reações as mais intensas e espontâneas, deixando bastante espaço para os improvisos, fundamentais em trabalhos dessa natureza. Como resultado, tem-se um filme caótico, mas que está sempre buscando divertir, surpreendente em suas reviravoltas e, quem diria, até com espaço para algum romantismo.

Em sua estreia como diretora, Marcel, responsável pelo roteiro de sucessos de bilheteria a exemplo de “Cruella” (2021), dirigido por Craig Gillespie, e “Cinquenta Tons de Cinza” (2015), levado à tela por Sam Taylor-Johnson, divide-se entre Venom e Eddie Brock com o mesmo interesse, dando algumas explicações acerca de como foram conseguindo  acostumar-se a ideia de partilharem um mesmo organismo.

Aqui, seu texto, assinado com Todd McFarlane e Tom Hardy, deixa o protagonista — o próprio Hardy — livre para voltar aos outros dois longas anteriores da série (em especial, a “Venom: Tempo de Carnificina” (2021), de Andy Serkis) e aprimorar seu estudo do personagem, ao passo que pôde também reinventá-lo, captando novas sensações de Brock diante de sua natureza tão singular. Eles continuam semioticamente muito restritos à Área 51, só que agora há um palco ainda mais exclusivo, no qual o jornalista e seu hospedeiro cristalizam de vez seu bromance insólito. Malgrado Teddy Paine, a cientista interpretada por Juno Temple, esteja a uma distância tentadora.

Em efeitos visuais nem tão elaborados assim, Marcel leva o espectador a bordo de um avião a trinta mil pés, uma cavalgada no deserto, numa estada numa cobertura de Las Vegas, tudo da maneira mais frenética. Por outro lado, a estética de um videogame dos anos 1990 confirma que a criatura de dentes pontiagudos e pele escamosa continuará a aparecer ao longo dos 110 minutos, espalhando aquela substância gosmenta por onde quer que passe. Enfrentando tipos como o general Rex Strickland de Chiwetel Ejiofor, Brock e Venom parecem forçados a essa união compulsória pelos séculos dos séculos. Os fãs dizem amém.

Filme: Venon 3: A Última Rodada
Diretor: Kelly Marcel
Ano: 2024
Gênero: Ação/Ficção Científica
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.