O ano de 1993 trouxe consigo uma transformação perceptível, marcada pela chegada de um filme que redefiniu o imaginário da ficção científica: a primeira produção de uma franquia que se tornou sinônimo de popularidade e um fenômeno cultural duradouro. Em 2018, mais de 25 anos depois, o cineasta espanhol Juan Antonio Bayona assumiu o desafio de continuar um legado inabalável pelas mudanças de tendências, consolidado como um marco indiscutível do gênero.
Quem espera por inovação em “Jurassic World: Reino Ameaçado” pode se deparar com a familiaridade. A narrativa mantém a essência do original, revivendo os cenários e arquétipos de décadas atrás. O retorno a esse passado quase fossilizado propõe uma reflexão sobre o impacto do pensamento humano nas relações com a ciência, muitas vezes glorificada em nome de interesses duvidosos. É um mergulho nos dilemas éticos da manipulação biológica e do impacto ambiental, refletindo uma sociedade marcada por relações frágeis e pela busca incessante por entretenimento, mesmo que à custa de monstros colossais que resistem ao seu aprisionamento em um mundo hostil e desequilibrado.
O roteiro, assinado por Colin Trevorrow e Derek Connolly, revisita os alicerces do conflito presente em todas as produções da série. A ilha Nublar, outrora um paraíso extinto, ressurge como cenário de uma nova empreitada arriscada. Uma operação submarina para recuperar os restos do Indominus Rex introduz o espectador em um ambiente de tensão crescente. Enquanto a lava do vulcão Sibo ameaça extinguir os últimos dinossauros do planeta, dilemas éticos e políticos fervilham em uma realidade onde catástrofes naturais são acompanhadas por tragédias causadas pela ambição humana.
No segundo ato, Ian Malcolm, vivido novamente por Jeff Goldblum, retorna para oferecer sua visão sobre o desastre iminente, enquanto uma ousada missão de resgate é articulada. Owen Grady e Claire Dearing, interpretados por Chris Pratt e Bryce Dallas Howard, lideram uma tentativa de salvar as criaturas sobreviventes. Contudo, a modernização do parque e suas instalações, embora visualmente imponentes, provocam reações mistas entre os mais puristas, que enxergam no esforço uma traição à pureza do conceito original.
Entre cenas que equilibram ação e nostalgia, a trilha de Michael Giacchino evoca memórias de espectadores que, décadas atrás, foram cativados pelo primeiro filme em cinemas já quase esquecidos. Pratt assume com carisma a figura de herói relutante, enquanto Malcolm provoca reflexões profundas sobre as implicações de coexistir com criaturas de proporções titânicas. A mensagem central permanece intacta: se a humanidade tentasse dividir espaço com esses seres, o domínio da Terra certamente não estaria em nossas mãos. Por trás dos dinossauros, esconde-se um alerta cada vez mais relevante sobre os desafios ambientais e éticos que enfrentamos.
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