Adaptação de livro de Nicholas Sparks com 110 milhões de cópias vendidas está prestes a dar adeus ao catálogo da Netflix Dana Hawley / Lionsgate

Adaptação de livro de Nicholas Sparks com 110 milhões de cópias vendidas está prestes a dar adeus ao catálogo da Netflix

Assistir a “A Escolha”, dirigido por Ross Katz e baseado em um romance de Nicholas Sparks, revelou-se uma experiência repleta de contrastes inesperados. Adaptado por Bryan Sipe, o filme transita de uma comédia romântica leve para um drama intenso, surpreendendo quem espera a previsibilidade de uma narrativa linear. Sendo a 11ª obra de Sparks a ganhar vida nas telas, a história se desenrola em Wilmington, Carolina do Norte, uma cidade costeira que emana charme e acolhimento — características que contrastam com os conflitos que permeiam o enredo.

Gabby (Teresa Palmer), estudante de medicina, vive em uma casa pitoresca à beira do lago. Sua tranquilidade é abalada por Travis (Benjamin Walker), um veterinário com fama de galanteador e uma inclinação para festas barulhentas. Monica (Alexandra Daddario), uma das muitas mulheres que disputam sua atenção, não consegue conquistar mais do que migalhas de seu interesse. Gabby, porém, não se impressiona. Pelo contrário, a relação entre os dois começa com uma discussão inflamada, motivada pelo som alto e pela suspeita de que o cachorro de Travis tenha engravidado sua cadela.

Essa animosidade inicial dá lugar a encontros que, inevitavelmente, aproximam os protagonistas. Quando Gabby leva sua cadela à clínica veterinária, descobre que Travis é o responsável pelo local. Mais tarde, em um parque de diversões, o destino os coloca frente a frente novamente. Gabby está acompanhada de Ryan (Tom Welling), seu namorado médico, enquanto Travis comparece com Monica. Apesar do ambiente festivo, a tensão entre Gabby e Travis é palpável, mesmo que passe despercebida pelos acompanhantes.

A trama avança com um clichê típico das obras de Sparks: o surgimento de um romance proibido. Gabby se envolve com Travis, rompendo sua relação com Ryan sem maiores explicações. No entanto, é nesse ponto que o filme perde parte de sua força narrativa. Embora o casal enfrente os desafios de praxe antes do desfecho esperado, a transição para o drama é abrupta. O roteiro parece apressado, comprimindo momentos cruciais em uma sequência que carece de maior densidade emocional. As “escolhas” que Gabby e Travis fazem não recebem o peso necessário para que suas consequências sejam plenamente exploradas.

Um ponto curioso é a referência ao clássico “Diário de uma Paixão”, quando Travis menciona um casal de amantes que agora vive em uma casa de repouso. Contudo, “A Escolha” não alcança a mesma sintonia que a adaptação dirigida por Nick Cassavetes. A química entre os protagonistas é tímida, e a direção não consegue conferir ao filme o charme ou a intensidade emocional necessária para cativar por completo.

Apesar disso, para aqueles que buscam um refúgio emocional, a produção pode servir como um placebo para corações fatigados. A ambientação bucólica de Wilmington e a promessa de que o amor, mesmo imperfeito, pode triunfar, oferecem um alívio temporário. “A Escolha” talvez não reinvente o gênero, mas cumpre seu papel ao entregar uma história que ecoa os temas recorrentes de Sparks: romance, sacrifício e a esperança de que as relações podem sobreviver às adversidades.

Filme: A Escolha
Diretor: Ross Katz
Ano: 2016
Gênero: Drama/Romance
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★