Após uma década longe das câmeras, Cameron Diaz faz seu aguardado retorno ao cinema com “De Volta à Ação”, uma comédia de espionagem estrelada ao lado de Jamie Foxx. O título reflete não apenas a volta da atriz às telas, mas também a essência da trama: um casal de ex-espiões que é forçado a abandonar sua rotina tranquila para confrontar ameaças do passado. Apesar de previsível, o longa conquista com sua leveza, cenas de ação vibrantes e a química indiscutível entre os protagonistas.
Sob a direção de Seth Gordon, conhecido por comédias como “Quero Matar Meu Chefe” e “Surpresas do Amor”, o filme segue uma fórmula consagrada: ação frenética, diálogos rápidos e estrelas carismáticas. Diaz e Foxx, que já haviam dividido a tela em “Um Domingo Qualquer” (1999) e no polêmico remake de “Annie” (2014), demonstram novamente uma sintonia notável. Contudo, o roteiro, assinado por Gordon e Brendan O’Brien (“Vizinhos”, “Os Caça-Noivas”), entrega uma narrativa repleta de clichês e situações previsíveis, com pouco espaço para surpresas.
A história se inicia quinze anos antes, em uma missão de alto risco que une Matt (Foxx) e Emily (Diaz), agentes de elite da CIA. Quando Emily descobre estar grávida, o casal decide abandonar suas carreiras e desaparecer em um subúrbio americano, adotando novas identidades. No presente, levam uma vida aparentemente comum como pais de Alice (McKenna Roberts) e Leo (Rylan Jackson), dois adolescentes que veem os pais como figuras monótonas e sem graça. Mas tudo muda quando um vídeo viral expõe suas verdadeiras identidades, colocando a família na mira de inimigos e forçando-os a fugir para Londres.
O enredo gira em torno de um dispositivo cibernético capaz de controlar infraestruturas globais — um elemento clássico e pouco inovador no gênero. Ao mesmo tempo em que enfrentam perigos, Matt e Emily precisam lidar com as descobertas dos filhos sobre seu passado. O filme alterna cenas de ação eletrizantes, como perseguições e lutas corporais, com momentos de comédia familiar. No entanto, as tentativas de humor muitas vezes caem no lugar-comum, enfraquecendo a conexão emocional e o potencial cômico da narrativa.
O elenco coadjuvante traz talentos de destaque. Glenn Close rouba a cena como a excêntrica mãe de Emily, uma espiã britânica aposentada que vive em uma luxuosa mansão no interior da Inglaterra. Já Andrew Scott, conhecido por seus papéis em “Fleabag” e “Todos Nós Desconhecidos”, interpreta o vilão principal, mas sofre com um roteiro que não explora plenamente seu carisma e talento. Enquanto Close entrega humor afiado, Scott fica preso a um papel raso que pouco adiciona à trama.
Embora “De Volta à Ação” evoque memórias de filmes como “Sr. e Sra. Smith”, “Pequenos Espiões” e “Encontro Explosivo”, falta-lhe o frescor e a criatividade que fizeram desses títulos referências no gênero. A trilha sonora, que reutiliza clássicos como “L-O-V-E”, de Nat King Cole, e “At Last”, de Etta James, confere um toque nostálgico, mas também reforça a familiaridade excessiva da obra. Ainda assim, a dinâmica entre Diaz e Foxx, aliada a sequências de ação bem coreografadas, garante um entretenimento leve e acessível.
Em um cenário onde filmes despretensiosos enfrentam espaço cada vez menor nos cinemas, “De Volta à Ação” encontra um público ideal no streaming. Apesar de dificilmente se tornar marcante, o filme entrega uma experiência nostálgica que atende às expectativas de quem busca diversão sem grandes pretensões. Combinando ação exagerada e humor familiar, a produção é como uma refeição rápida: satisfatória enquanto dura, mas facilmente esquecida.
★★★★★★★★★★