Não é novidade que a indústria cultural se alimenta do que já caiu no gosto popular, e “O Quiosque” não foge à regra. O título já sugere familiaridade com fórmulas consagradas, enquanto o roteiro de Adam Rehmeier lança armadilhas narrativas para atrair o público. A história segue jovens comportados que, entre as delícias e as dores da juventude, encaram o confronto com a dura realidade de que a vida exige mais do que eles supunham. Há uma atmosfera nostálgica permeando o filme, que evita excessos artificiais e aos poucos ganha alguma autenticidade. Ainda assim, permanece ancorado na lógica comercial que rege produções do gênero. O diretor-roteirista faz referências a figuras familiares: nerds engajados em clubes de matemática, editores do jornal escolar, amores idealizados e rebeldes à procura de um propósito, tudo embalado por cerveja artesanal e um toque de ironia juvenil.
Os amigos inseparáveis AJ e Moose estão determinados a deixar uma marca no mundo. Durante uma excursão escolar de Nebraska para Iowa, eles aproveitam as escapadas típicas da adolescência para aperfeiçoar a ideia de vender clandestinamente a cerveja que produzem. Com engenho e sorte, evitam um destino disciplinar num internato militar e, como prêmio, assumem a administração da barraca de lanches do clube comunitário durante o verão. Rehmeier talvez se inspire nas próprias experiências como garoto da Nebraska dos anos 1990, onde tentava equilibrar autonomia e diversão, longe do Vale do Silício, mas com a mesma energia irreverente que caracteriza os jovens. Esse vigor, capturado com precisão pelos atores Conor Sherry e Gabriel LaBelle, mantém o público conectado, vendo-se nos protagonistas e suas aventuras.
Rian Johnson, nome de peso por trás da T-Street, deixa sua marca técnica em “O Quiosque”, ainda que discretamente. Reconhecido por sua inventividade em obras como “Looper — Assassinos do Futuro” (2012) e “Entre Facas e Segredos” (2019), Johnson reforça a qualidade de um filme que, embora despretensioso, cumpre seu papel com maestria. Mesmo com espaço para personagens femininas, o destaque é o vínculo afetuoso e sonhador entre AJ e Moose, evocando o charme de um bromance nostálgico que remonta a um espírito adolescente cheio de calor e poesia.
★★★★★★★★★★