Só assista se tiver um monitor cardíaco: a obra-prima de Sam Mendes, vencedora de 3 Oscars, está de saída da Netflix Divulgação / Universal Pictures

Só assista se tiver um monitor cardíaco: a obra-prima de Sam Mendes, vencedora de 3 Oscars, está de saída da Netflix

Os filmes que cativam verdadeiramente não dependem apenas da força de suas histórias, mas também de uma combinação intrincada de elementos técnicos e narrativos. Detalhes aparentemente imperceptíveis, dominados por uma equipe minuciosa, elevam a experiência, prendendo a atenção do público durante horas, seja no cinema ou no conforto do sofá.

Sam Mendes, em “1917”, desafia as convenções ao evitar as tradicionais pirotecnias visuais dos filmes de guerra, apostando numa abordagem mais íntima e engenhosa. Inspirado por relatos de seu avô, Alfred Mendes, sobre a Primeira Guerra Mundial, o diretor constrói uma jornada que mescla realidade histórica e imaginação sofisticada. A trama gira em torno de dois soldados britânicos, interpretados por Dean-Charles Chapman e George MacKay, encarregados de atravessar um campo minado por perigos para impedir um ataque suicida de suas tropas.

Os protagonistas enfrentam desafios que traduzem a loucura dos conflitos bélicos, em um cenário onde humanidade e destruição coexistem. A missão, aparentemente simples, revela-se um épico de sobrevivência, embalado por uma estética visual singular. A decisão de Mendes de filmar como se tudo ocorresse em um único plano-sequência transforma o filme em uma experiência visceral, onde cada cena carrega tensão e significado.

A narrativa se aproxima de clássicos do gênero, como “O Resgate do Soldado Ryan” e “Apocalypse Now”, ao retratar a brutalidade das guerras e suas nuances políticas e humanas. Contudo, “1917” vai além, mostrando que histórias esquecidas nos campos de batalha também merecem espaço, iluminando episódios que ficaram à sombra dos grandes livros de história.

Mendes revive o horror e a glória de tempos passados, auxiliado pelo lendário diretor de fotografia Roger Deakins, cuja colaboração resulta em imagens hipnotizantes. Essa estética, aliada ao roteiro afiado, reforça o tom épico da produção e amplia a sensação de urgência na missão dos soldados. É um espetáculo visual que evoca as sombras da guerra e, ao mesmo tempo, ressalta a persistência do espírito humano.

O elenco de apoio, com nomes como Colin Firth, Benedict Cumberbatch e Andrew Scott, oferece performances sólidas que complementam a atuação dos protagonistas. Cada aparição é cuidadosamente orquestrada, fortalecendo o impacto emocional e narrativo. Mendes demonstra ser um dos diretores mais visionários de sua geração, entregando um filme que combina técnica e emoção de maneira magistral.

Ao resgatar memórias pessoais e transformá-las em arte, Mendes faz de “1917” não apenas uma obra sobre a guerra, mas um testemunho do poder da narrativa. Sua ousadia em explorar a estética do plano-sequência como fio condutor resulta em um filme que, mesmo em meio à barbárie, encontra beleza e significado.

Filme: 1917
Diretor: Sam Mendes
Ano: 2019
Gênero: Drama/Guerra
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★