Baseado no romance de Ali Novak, “Minha Vida com a Família Walter” explora temas familiares e de amadurecimento em um cenário adolescente que mistura tragédia pessoal e romance. Adaptado por Melanie Halshall e pela equipe responsável por “A Barraca do Beijo”, o filme segue Jackie (Nikki Rodriguez), uma jovem nova-iorquina de 15 anos que, após perder toda sua família em um trágico acidente de carro, é enviada para viver em um rancho no Colorado.
A única ligação restante de Jackie com sua antiga vida é seu tio, que lhe comunica a perda devastadora. Porém, a guarda da adolescente é direcionada para Katherine Walter (Sarah Rafferty), amiga íntima de sua mãe e mãe de oito filhos. Jackie sai de sua realidade urbana, com sonhos de Princeton e uma vida meticulosa, para enfrentar um cotidiano agitado e rural, dividido entre a dinâmica caótica de uma casa cheia e os desafios de frequentar uma escola pública em uma pequena cidade.
A transição de Jackie não é simples. Além de processar a dor de sua perda, ela enfrenta tensões dentro da nova família, particularmente com os irmãos Cole (Noah Lalonde) e Alex (Ashby Gentry), ambos com interesse romântico nela. Cole, um ex-jogador de futebol americano cuja carreira foi encerrada por uma lesão, projeta suas inseguranças e frustrações em um comportamento manipulador e uma série de relacionamentos casuais. Por outro lado, Alex, mais reservado e sensível, carrega o peso de uma experiência amorosa traumática, que alimenta sua desconfiança em relação a Jackie e a Cole.
O triângulo amoroso que emerge é previsível, trazendo o velho estereótipo do “bad boy” versus o “bom rapaz”. Jackie, apesar de determinada a manter o foco em seu futuro, acaba se envolvendo nos conflitos e rivalidades entre os dois. Essa dinâmica central, embora repetitiva, é sustentada por momentos de tensão e breves nuances emocionais que ajudam a manter o público engajado.
No entanto, “Minha Vida com a Família Walter” não se aventura além de sua zona de conforto. A trama segue um caminho genérico, com personagens cujas características e dilemas já foram explorados inúmeras vezes em histórias do gênero. A fórmula previsível — da adaptação ao novo ambiente ao romance turbulento — pode ser reconfortante para espectadores em busca de algo leve, mas dificilmente surpreenderá ou emocionará quem espera originalidade.
Ainda assim, o filme encontra algum mérito em retratar os desafios de reconstrução emocional após a perda, mesmo que de maneira superficial. A dinâmica familiar caótica no rancho, embora caricata em alguns momentos, oferece uma ambientação acolhedora que contrasta com a dor inicial de Jackie, reforçando a importância dos laços e da resiliência.
Como passatempo despretensioso, “Minha Vida com a Família Walter” cumpre sua proposta. Apesar de não inovar, entrega uma narrativa funcional para quem aprecia dramas adolescentes repletos de clichês, rivalidades amorosas e jornadas de autodescoberta.
★★★★★★★★★★