Ser um matador profissional frio e calculista, imune aos dramas alheios, não é uma tarefa simples. John Walker Knox, o personagem central de “Pacto de Redenção”, vivia exatamente assim até que um golpe inesperado atingiu seu ponto mais vulnerável: seu orgulho como profissional. No segundo longa sob sua direção, Michael Keaton interpreta Knox, um ex-soldado da Guerra do Golfo que se reinventou como professor universitário antes de abraçar a vida de assassino de aluguel, temido e requisitado internacionalmente. A estabilidade dessa rotina é ameaçada por uma descoberta que vira sua vida de cabeça para baixo. Quinze anos após seu primeiro filme como diretor, “Má Companhia” (2008), Keaton cativa o público ao retratar a complexidade desse homem multifacetado, com a ajuda do roteiro de Gregory Poirier, que equilibra tensão, drama e uma investigação que avança como uma corrente imprevisível.
O filme inicia com Knox realizando o que parece ser sua última missão ao lado de seu parceiro Thomas Muncie, interpretado por Ray McKinnon. Knox sabe que está com os dias contados devido à doença de Creutzfeldt-Jakob. Enquanto aguarda seu declínio, ele mantém uma rotina com Annie, uma prostituta interpretada por Joanna Kulig, que o visita religiosamente às quintas-feiras. Porém, ao executar um chefão do tráfico em Los Angeles, um lapso de memória o faz esquecer que Muncie o acompanhava, desencadeando uma série de eventos que levam a trama para sua segunda metade. É quando Miles, o filho que Knox não vê há anos, aparece coberto de sangue após vingar sua filha adolescente, vítima de abuso. O pai é então chamado para usar sua expertise em sumir com o cadáver. O inesperado impulso de Knox para ajudar o filho marca o ponto de virada do filme.
Enquanto pai e filho enfrentam suas pendências emocionais, a detetive Emily Ikari, vivida por Suzy Nakamura, conduz a investigação que liga o crime recente ao passado de Knox. O mérito de “Pacto de Redenção” está na conexão entre esses dois eixos narrativos, explorando a tentativa do protagonista de reparar erros antigos enquanto busca redimir-se pelo assassinato cometido por Miles. James Marsden, no papel de apoio, acrescenta dinamismo à narrativa e equilibra possíveis inconsistências, permitindo que Keaton brilhe em sua atuação e direção. O filme se encerra com uma nota otimista, sugerindo que Keaton tem muito a oferecer como realizador, e sua visão promissora é uma dádiva para o cinema.
★★★★★★★★★★