Nicholas Hoult, aos 35 anos, já acumula mais de 60 papéis em sua carreira. O ano de 2024 foi particularmente marcante para o ator britânico, que brilhou em filmes aclamados como “Jurado Número 2” e “Nosferatu”. Outro papel de destaque nesse período foi sua interpretação de Bob Mathews, um dos mais notórios neonazistas dos Estados Unidos. Mathews liderou A Ordem, um grupo supremacista branco que operou nos anos 1980, cometendo uma série de crimes que culminaram no assassinato do radialista judeu Alan Berg, interpretado por Marc Marlon.
Bob Mathews nasceu no Texas, em uma família de origem escocesa. Ainda jovem, aos 11 anos, mudou-se para o Arizona e ingressou na John Birch Society, uma organização política de extrema direita. Mathews desenvolveu uma visão cristã radical e, em 1982, fundou a milícia supremacista conhecida como A Ordem. O grupo recrutava membros de famílias tradicionais brancas, com foco em disseminar ideais extremistas e realizar ações criminosas. Entre suas atividades estavam assaltos a bancos, falsificação de dinheiro, fraudes e, por fim, o assassinato de Berg, que denunciava abertamente grupos extremistas em seu programa de rádio.
O longa-metragem “A Ordem”, dirigido por Justin Kurzel, traz uma recriação fiel e perturbadora desses eventos. O filme retrata desde a fundação da milícia até as investigações policiais que desmantelaram o grupo. O agente do FBI Terry Husk, vivido por Jude Law, lidera a investigação com o auxílio de Jamie Bowen, um policial local interpretado por Tye Sheridan. Kurzel conduz a narrativa com precisão, equilibrando a tensão do thriller biográfico com momentos de reflexão sobre as consequências do ódio ideológico.
A atuação de Jude Law merece destaque, especialmente pela complexidade emocional de seu personagem, Husk. Solitário e emocionalmente esgotado, o agente do FBI é um homem cuja vida pessoal foi devastada pela dedicação ao trabalho. Abandonado pela família e assombrado por casos não resolvidos, Husk carrega uma aura de dureza e amargura que serve de fachada para esconder sua vulnerabilidade. Law entrega uma performance envolvente, explorando nuances de solidão e resiliência em meio ao caos.
Nicholas Hoult, por sua vez, mais uma vez brilha ao interpretar um vilão multifacetado. Sua aparência angelical contrasta com a frieza e a malícia de Bob Mathews, criando um personagem ao mesmo tempo sedutor e aterrorizante. Hoult tem se mostrado especialmente habilidoso em papéis que exigem essa dualidade, e sua atuação em “A Ordem” reforça essa reputação.
O filme se destaca também pela abordagem cuidadosa e realista do diretor Justin Kurzel, que evita o sensacionalismo ao narrar eventos tão polêmicos e violentos. A produção consegue equilibrar o suspense típico dos thrillers com uma análise profunda sobre os perigos do extremismo ideológico. Com uma direção competente, atuações envolventes e uma trama instigante, “A Ordem” é, sem dúvida, uma das produções mais impactantes de 2024.
Nicholas Hoult, Jude Law e Tye Sheridan formam um trio de atuações poderosas que elevam o filme a um nível de excelência. O desempenho de Hoult, em particular, solidifica seu lugar como um dos atores mais versáteis de sua geração, enquanto Law traz profundidade emocional a um personagem marcado pelo sacrifício pessoal. Kurzel, por sua vez, entrega uma obra que, além de entreter, provoca reflexões sobre os horrores do extremismo e a importância da justiça.
Com sua narrativa envolvente e performances marcantes, “A Ordem” figura entre os melhores filmes do ano, sendo um retrato sombrio e necessário de uma época em que o ódio tentou se camuflar sob a falsa bandeira da moralidade.
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