Romance que é uma viagem apaixonante para o interior da Itália, na Netflix Divulgação / Netflix

Romance que é uma viagem apaixonante para o interior da Itália, na Netflix

A Itália exerce um fascínio inegável, sendo frequentemente palco de narrativas que exploram suas paisagens exuberantes e sua cultura gastronômica incomparável. No filme “Toscana”, primeira produção dinamarquesa da Netflix, esses elementos se entrelaçam em uma história que combina autodescoberta, reconciliação e romance. A trama acompanha Theo (Anders Matthesen), um chef de cozinha dinamarquês prestes a inaugurar um restaurante visionário. Em meio à ansiedade pelo novo empreendimento, ele recebe a notícia do falecimento de seu pai, Geo, com quem mantinha uma relação distante e conflituosa. Como herança, Theo recebe uma propriedade rural na Itália, um legado que inicialmente rejeita, pois não deseja qualquer vínculo com o passado paterno.

Convencido por sua assistente a vender a propriedade para financiar o restaurante, Theo viaja para a Toscana. Ao chegar, é confrontado por memórias de infância e pela amarga percepção de que o pai, cuja figura associa ao abandono e frieza, foi um homem mais complexo do que imaginava. A propriedade, conhecida como Ristonchi, abriga um restaurante modesto, mas rico em história e significado para os habitantes locais. Lá, Theo descobre que a paixão pela culinária, algo que ele pensava ser apenas seu, foi um traço herdado de Geo. Contudo, o local está desorganizado e endividado, necessitando de uma revitalização completa. Entre os funcionários, ele encontra pessoas profundamente conectadas ao Ristonchi e que carregam afeto pelo seu falecido pai, desafiando suas antigas crenças sobre ele.

Um dos encontros mais marcantes é com Sophia (Cristiana Dell’Anna), sua amiga de infância, que agora está noiva de Pino (Andrea Bosca). Sophia tenta persuadir Theo a preservar o Ristonchi, mostrando-lhe a beleza e o potencial do lugar. Durante essa convivência, uma atração mútua surge, enquanto Sophia revela a Theo facetas do pai que ele nunca conheceu. À medida que explora a propriedade e interage com seus moradores, Theo embarca em uma jornada de transformação pessoal, enfrentando traumas do passado e aprendendo sobre a importância do perdão e da conexão humana.

O filme evolui de uma simples viagem de negócios para uma experiência profundamente introspectiva, onde Theo questiona suas prioridades e redescobre valores esquecidos. O dinheiro e o sucesso, antes pilares de seus sonhos, dão lugar a um entendimento mais pleno sobre a vida. Ele encontra espaço para o amor e, ao mesmo tempo, redefine sua relação com a memória do pai. O roteiro, repleto de nuances emocionais, equilibra leveza e profundidade, conduzindo o público por um percurso sensível e encantador.

Visualmente, “Toscana” é uma ode à beleza natural e cultural da região. Os cenários idílicos e as cenas culinárias cuidadosamente elaboradas parecem evocar sabores e aromas que transcendem a tela. Cada prato e paisagem contribui para criar uma atmosfera de imersão, onde o espectador quase sente o calor do sol toscano e o frescor dos ingredientes locais. Anders Matthesen e Cristiana Dell’Anna entregam performances convincentes, transmitindo uma química que dá credibilidade ao vínculo que se forma entre seus personagens.

Embora “Toscana” seja uma narrativa predominantemente contemplativa, sua simplicidade é também seu maior trunfo. O filme nos lembra que, às vezes, o essencial não está no extraordinário, mas na redescoberta do comum. Contudo, uma advertência deve ser feita: assistir a “Toscana” pode despertar um desejo irresistível de fazer as malas e visitar o Castelo de Ristonchi, onde foram realizadas as filmagens. O lugar, com sua beleza quase irreal, é um convite ao escapismo — e, talvez, ao próprio reencontro pessoal.

Filme: Toscana
Diretor: Mehdi Avaz
Ano: 2022
Gênero: Comédia/Romance
Avaliaçao: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★