O pior lançamento da Disney em anos continua em cartaz nos cinemas brasileiros Divulgação / Walt Disney Pictures

O pior lançamento da Disney em anos continua em cartaz nos cinemas brasileiros

O mais novo live-action da Disney segue uma das propostas mais promissoras da empresa: a narrativa de backstory. Esse tipo de roteiro busca contar a história de origem de um personagem para que o público possa compreender como ele se tornou aquilo que todos já conhecem. Quais foram suas motivações? Como tudo começou? Como ele era antes de se tornar o que é na história original?

O filme é um prelúdio do live-action de 2019, que, por sua vez, é um remake da famosa animação lançada em 1994. A premissa, já utilizada em “Malévola” (2014) e “Cruella” (2021), desta vez, em “Mufasa” (2024), é narrada pelo babuíno Rafiki, que conta a vida de Mufasa para sua neta Kiara, filha de Simba.

Mufasa vivia com seus pais, mas, ainda na infância, uma forte correnteza causada por uma debandada de animais fez com que ele se perdesse de sua família. As águas do rio levaram-no para um reino distante, onde conheceu Taka, um jovem príncipe.

Taka vivia com seus pais, Eshe e Obasi, que o criaram para se tornar um grande rei. Obasi, inicialmente, não aprovou a presença de Mufasa na família e propôs um desafio: Taka e Mufasa deveriam apostar uma corrida. Se Mufasa chegasse primeiro, ele poderia ser aceito na família, mas, se Taka vencesse, Obasi o mataria. A corrida entre os dois foi acirrada, mas Taka, que sempre quis ter um irmão, acabou deixando Mufasa ganhar.

O laço fraterno entre Mufasa e Taka começou a se estreitar cada vez mais, e Mufasa desenvolveu grande afeição por Eshe, mãe de Taka, que ele tratava como sua própria mãe. Logo, o principal conflito da narrativa se formou: um grupo de leões brancos atacou o reino da família, ameaçando a segurança de todos. Naquele momento, Mufasa teve seu primeiro grande ato de coragem, enfrentando os leões, que eram muito maiores e mais fortes do que ele, para proteger Eshe.

Depois desse momento, uma dicotomia se formou entre Taka e Mufasa: Taka era medroso e ciumento e, apesar de ter boas intenções, mostrou-se covarde na maior parte do tempo. Mufasa, por outro lado, era sempre corajoso, destemido e pensava nos outros antes de pensar em si mesmo. A essência dessas personagens é fundamental para traçarmos um paralelo com o filme de 2019 e a animação original de 1994.

Os irmãos decidiram fugir do reino e procurar Milele, uma terra prometida para os leões, onde finalmente poderiam estar seguros. No caminho, conheceram Sarabi, uma leoa que chamou a atenção de ambos, principalmente de Taka, que se sentiu imediatamente atraído por ela.

Mufasa tentou ajudar o irmão a conquistar a leoa, mas suas tentativas foram falhas, já que era ele quem demonstrava atenção e cuidado com ela, acabando por atraí-la. Taka sentiu-se traído pelo irmão e, para se vingar, decidiu revelar à alcateia de leões brancos o paradeiro dos companheiros.

Ao encontrar o grupo, Taka revelou sua traição. Contudo, quando os leões brancos atacaram seu irmão, ele teve seu primeiro grande ato de coragem e decidiu defendê-lo. Durante a briga, um dos leões arranhou o rosto de Taka, deixando uma grande cicatriz que atravessava um de seus olhos. Essa cicatriz tornou-se seu novo nome, e ele ficou eternamente conhecido como Scar, um dos maiores e mais icônicos vilões da Disney.

Surpresa ou decepção?

Para os fãs de “O Rei Leão”, é interessante saber mais sobre o surgimento da vilania de Scar, como Mufasa se tornou rei e como conheceu Sarabi, sua futura esposa e mãe de Simba. Mesmo assim, o filme não é bom o suficiente para causar surpresa, encantamento ou emoção, como acontece na primeira versão.

Esteticamente falando, o CGI continua realista demais e pouco cativante. Afinal, não faz sentido ver leões conversando entre si no meio da savana africana. Há algum tempo, o realismo da Disney tem decepcionado, sem trazer uma inovação que seja realmente positiva e interessante para o público. Isso faz com que as animações originais sejam sempre mais cativantes e emocionantes do que as novas versões, que carecem de energia e vitalidade.

A tradicional estratégia de marketing pela nostalgia já está bastante ultrapassada e definitivamente não funciona neste filme, que, além de não nos conectar com o original, não apresenta elementos novos interessantes. A trilha sonora de Lin-Manuel Miranda, por exemplo, não se compara à trilha de Elton John, que era grandiosa, divertida e emocionante. As músicas de Miranda têm melodias repetitivas e letras que não se encaixam bem nos momentos do filme.

As profundezas éticas, familiares e emocionais da história de “O Rei Leão” não conseguem ser exploradas por uma estética que não emociona, parecendo mais um documentário do Animal Planet do que um filme infantil. Para os grandes fãs de “O Rei Leão”, recomendo assistir novamente à trilogia de filmes animados, disponível no Disney Plus.

Filme: Mufasa
Diretor: Barry Jenkins
Ano: 2024
Gênero: Aventura/Musical
Avaliaçao: 5/10 1 1
★★★★★★★★★★