Denzel Washington em modo ação! O thriller de Antoine Fuqua que vai deixar seu coração na boca, na Netflix Divulgação / Columbia Pictures

Denzel Washington em modo ação! O thriller de Antoine Fuqua que vai deixar seu coração na boca, na Netflix

Robert McCall reaparece longe das metrópoles movimentadas, refugiado em uma pitoresca vila siciliana, onde tenta encontrar paz após uma vida dedicada a consertar as falhas do mundo. Contudo, o início sereno de “O Protetor: Capítulo Final” logo é subvertido por uma sequência de tirar o fôlego, reafirmando o estilo visceral de Antoine Fuqua. O terceiro capítulo da saga traz McCall enfrentando uma nova batalha: desmantelar um esquema brutal de exploração de imigrantes, enquanto tenta reconciliar seu papel de justiceiro com a possibilidade de uma existência mais tranquila.  

Denzel Washington entrega uma performance magistral, personificando um homem consumido por um senso de justiça inabalável, mas cheio de nuances que o tornam humano. Seu McCall, agora mais reflexivo, pondera as consequências de seus atos, embora sua determinação em eliminar a “escória” permaneça inabalável. É nessa ambivalência que o personagem encontra profundidade, conduzindo o espectador por um enredo que mistura ação desenfreada com momentos de introspecção.  

Fuqua posiciona a narrativa no sul da Itália, um cenário que transborda charme e contrasta com a violência dos conflitos que se desenrolam. Ao mesmo tempo, questões sociais ganham relevância, como a precariedade enfrentada por refugiados, representada pelo jovem Khalid, interpretado com sensibilidade por Zakaria Hamza. Essa relação entre McCall e Khalid adiciona camadas emocionais à trama, enquanto o protagonista busca proteger não apenas a vila, mas também a dignidade de seus habitantes.  

O roteiro de Richard Wenk e sua equipe, embora estruturado em fórmulas familiares, mantém o público engajado com reviravoltas ágeis e uma narrativa eficiente. A interação entre McCall e Emma Collins, vivida por Dakota Fanning, serve como um elo emocional que resgata elementos dos filmes anteriores. Sua presença é um lembrete de que, apesar da escuridão, ainda há espaço para vínculos genuínos e momentos de leveza.  

À medida que a trama avança, o filme mergulha em uma investigação envolvendo a CIA em Nápoles e uma droga perigosa que ameaça a Europa. Embora previsível em alguns pontos, a direção de Fuqua transforma cada cena em um espetáculo visual e emocional, mantendo o ritmo frenético e a tensão crescente.  

Por trás da violência coreografada e do apelo estilizado, “O Protetor: Capítulo Final” oferece uma reflexão sobre os limites da justiça. McCall é a personificação de um paradoxo: um homem que acredita na possibilidade de um mundo mais justo, mas que recorre aos meios mais extremos para alcançá-lo. Essa dualidade ecoa em cada golpe e decisão, questionando se a justiça pode realmente ser conquistada sem se dobrar às mesmas forças que busca combater.  

Enquanto o final se desenrola, McCall encontra algo que parecia inalcançável: um vislumbre de paz. Contudo, “Capítulo Final” não é apenas sobre encerrar uma história; é sobre o impacto duradouro de escolhas feitas em nome do que é certo. Fuqua e Washington encerram essa saga de forma grandiosa, entregando uma obra que, mesmo com suas fórmulas conhecidas, ressoa como um testemunho da complexidade da natureza humana.