Recentemente, Clint Eastwood apresentou ao público seu mais novo trabalho, “Jurado Número 2”, um filme que vem sendo amplamente elogiado pela crítica. A obra aborda temas característicos do cineasta, como dever cívico, moralidade e senso de justiça, reforçando sua assinatura autoral. Em paralelo, a Netflix resgata um thriller de 1996, estrelado por Demi Moore, Alec Baldwin, Joseph Gordon-Levitt e James Gandolfini, cujo título e temática guardam certa semelhança. Trata-se de “A Jurada”, longa dirigido por Brian Gibson, baseado no livro homônimo de George Dawes Green.
Na trama, Demi Moore interpreta Annie Laird, uma artista plástica talentosa e em ascensão, que tenta equilibrar sua vida profissional com a criação de seu filho pré-adolescente, Oliver (Gordon-Levitt). Annie busca expressar sua visão de mundo através de obras autênticas e sensoriais, mas sua rotina corrida a distancia de assuntos cotidianos, como as notícias do jornal. Por isso, durante a seleção de um júri popular, ela não reconhece o nome Louie Boffano (Tony Lo Bianco), mesmo sendo ele um notório chefão da máfia enfrentando acusações graves.
Boffano, cuja reputação criminosa é amplamente conhecida, é acusado de crimes hediondos que ninguém duvida serem verdadeiros. Movida por um forte senso de justiça, Annie sente-se orgulhosa ao ser selecionada para integrar o júri responsável por julgar um caso de tamanha relevância social. No entanto, o que parecia ser uma oportunidade para exercer seu dever cívico logo se transforma em um pesadelo.
A vida de Annie muda radicalmente quando ela conhece um homem misterioso que adquire algumas de suas obras. Este homem, identificado como o Professor (Alec Baldwin), inicialmente se apresenta como um admirador de seu trabalho. Porém, suas verdadeiras intenções logo vêm à tona: ele é um capanga de Louie Boffano e tem como objetivo coagir Annie a manipular o julgamento em favor do mafioso. Sob ameaças constantes, Annie descobre que sua casa foi grampeada, que ela está sendo vigiada e que a segurança de seu filho está em perigo.
Além do Professor, outro membro da máfia, Eddie (James Gandolfini), também vigia Annie de perto, reforçando o cerco ao seu redor. Pressionada por todos os lados, a protagonista se vê forçada a colaborar com os criminosos, enquanto luta para proteger sua família. Contudo, sua determinação em fazer o que é certo não desaparece. Enquanto enfrenta seus medos e tenta garantir a segurança de Oliver, Annie começa a elaborar um plano para expor o esquema que a oprime.
Apesar de partir de uma premissa interessante — ainda que pouco original —, o filme de Brian Gibson não consegue escapar de clichês e estereótipos que enfraquecem a narrativa. Diálogos pouco inspirados, atuações inconsistentes e uma direção irregular comprometem a qualidade do longa. “A Jurada” tenta explorar a tensão crescente em torno de sua protagonista, mas tropeça ao entregar personagens caricatos e situações previsíveis.
Apesar da comparação com “Jurado Número 2” de Eastwood, “A Jurada” está longe de atingir o mesmo nível de excelência. Ainda assim, o filme pode funcionar como uma experiência de entretenimento graças à atmosfera de suspense que, em alguns momentos, consegue capturar a atenção do público. Mesmo com suas limitações, a obra de Gibson oferece uma narrativa que, ao menos, provoca reflexões sobre os dilemas morais enfrentados por sua protagonista.
★★★★★★★★★★