A primeira série da Netflix em 2025 a ser assistida por mais de 10 milhões de espectadores em menos de uma semana Divulgação / Film 44

A primeira série da Netflix em 2025 a ser assistida por mais de 10 milhões de espectadores em menos de uma semana

A colonização das Américas é um capítulo de violência e subjugação. Embora nos Estados Unidos o processo tenha diferido do modelo ibérico, a Inglaterra aplicou uma abordagem relativamente menos opressiva em comparação à força brutal de Portugal e Espanha, que devastaram as colônias sul-americanas com expropriações de terras e imposições religiosas. Ainda assim, a história norte-americana também carrega os fardos de conflitos e desafios profundos em sua formação.

A expansão territorial dos Estados Unidos foi um movimento gradual, marcado por séculos de disputas, tratados e eventos de exploração, culminando em 1959 com a consolidação dos atuais estados e territórios. Hoje, o país compreende 48 estados contíguos, além de Alasca, Havaí e territórios insulares como Porto Rico e Guam. Este contexto histórico serve de pano de fundo para “Terra Indomável”, uma produção que explora a colonização do Oeste americano.

A minissérie ambienta-se em Utah, no ano de 1857, e enfoca o Massacre de Mountain Meadows, ocorrido durante a Guerra de Utah. A trama aborda as tensões entre mórmons, nativos, colonos e o governo americano. A narrativa densa pode confundir o espectador inicialmente, mas seu impacto é garantido pela autenticidade histórica e pela complexidade das relações exploradas.

Criada por Mark L. Smith, roteirista de “O Regresso”, a produção não evita retratar a violência com crueza. Cada ato brutal é apresentado sem atenuações, submergindo o espectador na dureza do Velho Oeste. A ambientação reproduz uma época de sobrevivência extrema, onde as decisões mais difíceis eram uma questão de vida ou morte.

A história segue Sarah Rowell (Betty Gilpin), uma mãe determinada a levar seu filho Devin (Preston Motta) até o pai do menino. Rejeitada por guias locais, ela contrata Isac (Taylor Kitsch), um mercenário solitário. No caminho, encontram Two Moons (Shawnee Pourier), uma nativa em fuga após matar seu agressor, que se junta ao grupo, formando uma aliança improvável e necessária para enfrentar os perigos.

Antes dessa aliança, Sarah e Devin eram protegidos por Jacob Pratt (Dane DeHaan), um mórmon recém-casado com Abish (Saura Lightfoot-Leon). Após um ataque devastador que separa o grupo, Abish é capturada pelos nativos Shoshone, enquanto Jacob inicia uma busca desesperada por sua esposa. Essas tragédias individuais se entrelaçam em uma narrativa onde sobrevivência e fé se chocam constantemente.

A série destaca as complexidades do período, abordando temas como manipulação religiosa, violência sistemática e lutas por poder. Em vez de apresentar heróis ou vilões claros, a narrativa mostra indivíduos guiados por medo, esperança e pragmatismo. Cada decisão reflete os dilemas morais de uma época marcada por desconfiança e devastação.

O desfecho de Abish entre os Shoshone revela as nuances das relações humanas, expondo os limites éticos e as escolhas que moldam destinos. A produção discute questões atemporais, como o impacto da fé, os custos da violência e as consequências das rivalidades territoriais, oferecendo um retrato visceral de um passado complexo.

Sem ceder ao sentimentalismo, “Terra Indomável” entrega uma experiência sombria e impactante. A narrativa explora os horrores e sacrifícios de um período conturbado, desafiando o espectador a refletir sobre a natureza humana em tempos de extrema adversidade.


Série: Terra Indomável
Criação: Mark L. Smith
Ano: 2025
Gêneros: Drama/Ação 
Nota: 10