Em 245 a.C., o reino de Qin, no extremo noroeste do que hoje é a China, um território distante do nosso tempo quase três milênios, prospera às custas da dor de civilizações vizinhas, levando cinco séculos, desde sua instituição, em 777 a.C., para tornar-se um império e, por conseguinte, o primeiro Estado unificado chinês, em 221 a.C. Inspirado na série de mangá escrita e ilustrada por Yasuhisa Hara, muito popular em meio ao público japonês, “Kingdom 4: O Retorno do Grande General” continua a registrar a luta de Lin Xin, escravizado e conduzido à força para essa terra estranha e seu esforço por ser novamente livre.
No quarto tomo da saga, Shinsuke Sato urde uma metáfora acerca da perseverança nipônica diante dos usurpadores, dois milênios antes da Primeira Guerra Sino-Japonesa, a Guerra Jiawu, entre 25 de julho de 1894 e 17 de abril de 1895, e seus muitos desdobramentos, ao longo de quatro décadas, de 7 de julho de 1937 a 2 de setembro de 1945. Aqui, Sato mantém a fantasia, materializada em efeitos especiais vistosos, intensificando o drama a partir de um ataque tão inesperado quanto cruento.
Já na introdução, Pang Nuan, o Deus da Guerra, parte para cima de Lin Xin e seus homens, e Qiang Lei lidera a contraofensiva. Assim mesmo, quase todo o contingente morre ou se perde nos desdobramentos da Batalha de Bayou, um dos arcos mais dramáticos do mangá de Hara, mantido no roteiro de Tsutomu Kuroiwa. Flashbacks deslindam uma revelação trágica, e Ohki vai se apresentando como o guerreiro mais completo para enfrentar essa ameaça sobre-humana.
Sato retrocede um pouco mais e menciona a obsessão do garoto por Wang Qi, o anti-herói de Takao Osawa, sugerindo a parceria inusitada que passa ao plano central algumas vezes. Agora, Li Mu, o mais poderoso líder militar de Zhao, tenta esse protagonismo, e o exército de Lin Xin ganha um aliado que fará a diferença. À frente de um grupamento de tarimbeiros e um corpo de mercenários contra os famosos “Mil Comandantes de Qin”, conhecidos pela bravura e crueldade, Kento Yamazaki continua a prender as atenções em “O Retorno do Grande General”, dividindo espaço com Shun Oguri, seu contraponto maduro. Para o quinto filme, Sato planeja concentrar-se nos dois e enxugar a narrativa, o que pode contrariar fãs mais ortodoxos.
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