O filme que está fazendo o mundo inteiro chorar: uma das mais lindas histórias do cinema em 2025, com atuação genial de Colman Domingo Divulgação / Black Bear

O filme que está fazendo o mundo inteiro chorar: uma das mais lindas histórias do cinema em 2025, com atuação genial de Colman Domingo

Com cinco indicações ao Critics Choice Awards, incluindo nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator para Colman Domingo, “Sing Sing” também concorreu ao Globo de Ouro em 2025 e tem chances de integrar a disputa na premiação da Academia. O filme brilha não apenas por sua qualidade narrativa, mas também por sua abordagem inovadora: um elenco formado majoritariamente por detentos da penitenciária Sing Sing, em Nova York. Uma escolha ousada que reflete tanto em autenticidade quanto em impacto social, reforçada pela decisão de pagar o mesmo salário a todos os envolvidos na produção, das estrelas aos técnicos.

É difícil imaginar uma obra como “Sing Sing” ganhando vida, embora histórias sobre o sistema prisional americano, a convivência entre detentos e a busca pela redenção já tenham sido amplamente exploradas no cinema. O diferencial aqui está no naturalismo da narrativa e no caráter colaborativo que permeia o filme. A escolha de detentos reais para interpretar seus próprios papéis confere à produção uma profundidade emocional que transcende a ficção.

A arte sempre foi um meio poderoso de acessar o que há de mais profundo e transformador no ser humano. Contudo, prisões não são lugares onde se espera encontrar traços de sensibilidade artística. Pessoalmente, já visitei uma prisão de segurança máxima como convidada para assistir a uma simulação de rebelião. A experiência foi marcante: ao cruzar os portões, a opressão e a angústia pareciam impregnar o ar, criando uma atmosfera quase insuportavelmente pesada. É algo difícil de traduzir em palavras.

O ambiente prisional coloca os seres humanos em sua forma mais desumanizada. Não apenas pelo peso de seus crimes — muitos deles brutais —, mas também pela desconexão com tudo o que remete à humanidade: sensibilidade, amor, alegria, beleza. Nesse contexto, sobreviver é a prioridade, e lidar com indivíduos ainda mais cruéis do que eles próprios torna-se parte da rotina.

No entanto, em “Sing Sing”, a esperança se manifesta através da arte. O filme começa com uma audição para uma peça de teatro, parte de um programa idealizado por Divine G (interpretado magistralmente por Colman Domingo), um detento que, antes de cometer um homicídio, teve sua trajetória artística interrompida. Para Divine, a arte é uma ferramenta de reabilitação e reconexão com o lado humano, tanto para ele quanto para seus colegas de cela — e ele está certo.

Os ensaios e as interações entre os integrantes do grupo teatral não começam de forma harmoniosa. Inicialmente, os participantes estão endurecidos pela realidade da prisão, pelos traumas que carregam e pelos erros que cometeram — vícios, crimes, conflitos familiares. Entretanto, à medida que o teatro os guia em um processo de vulnerabilidade e descoberta emocional, vemos esses homens se reconectarem com suas humanidades. A jornada de cada personagem é um mergulho nas angústias e nos anseios mais profundos, revelando suas dores e desejos por redenção.

“Sing Sing” é uma obra de imensa sensibilidade que nos ensina a enxergar luz nos lugares mais sombrios. É uma mensagem de esperança em meio ao desespero, um lembrete de que até mesmo nos contextos mais áridos pode haver transformação. Cada personagem nos entrega uma lição valiosa, mostrando que a reabilitação não é apenas possível, mas necessária, para que a sociedade possa avançar de forma mais justa e inclusiva.

O filme não apenas apresenta performances brilhantes, mas também desafia nossa percepção sobre os sistemas de punição e reintegração. Somos nós, espectadores, que aprendemos com esse grupo improvável de detentos. Eles revelam talentos incríveis, determinação e uma capacidade extraordinária de transformação, que reverberam para além das grades e nos tocam profundamente.

Filme: Sing Sing
Diretor: Greg Kwedar
Ano: 2023
Gênero: Biografia/Drama
Avaliaçao: 10/10 1 1
★★★★★★★★★★
Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.