“Barbie” foi recebida como um grande fenômeno cultural, mas está longe de corresponder às expectativas. O filme, vendido como divertido e espirituoso, é na verdade uma experiência cansativa. Seu humor, que tenta se disfarçar de leve e irreverente, é desajeitado e frequentemente constrangedor. Piadas sem graça tornam-se momentos de desconforto, enquanto sua tentativa de militância feminista exagera na seriedade. A mensagem se perde em clichês, deixando o conteúdo vazio e repetitivo. Embora queira passar um ar de empoderamento, o resultado é uma obra que reduz a complexidade do feminismo e esvazia o discurso.
Na trama, Barbies e Kens coexistem em uma sociedade idealizada, onde as mulheres têm todas as qualidades desejáveis e os homens são limitados a servi-las. A protagonista (Margot Robbie), ao enfrentar questões existenciais, embarca numa jornada ao mundo real acompanhada por Ken (Ryan Gosling), que descobre o patriarcado e tenta recriá-lo em Barbielândia. A visão simplista da relação entre gêneros é gritante. Ken, apresentado como uma caricatura do homem tolo e superficial, reforça estereótipos que não dialogam com as complexidades reais da desigualdade de gênero.
Se a proposta era criticar o patriarcado e conscientizar, o filme falha em atingir seu público-alvo. Homens machistas dificilmente se sentem tocados por essa abordagem, enquanto mulheres progressistas podem se frustrar com a superficialidade. A narrativa parece subestimar a inteligência do público, o que prejudica tanto o impacto quanto a diversão. A abordagem infantilizada e panfletária transforma a experiência em algo enfadonho e previsível, deixando pouco espaço para reflexões genuínas ou risos espontâneos.
Por mais que se reconheça a intenção de associar a figura de Barbie ao feminismo, a tentativa parece apressada e sem base sólida. A personagem, concebida como um ideal inatingível de beleza e consumo, não reflete as diversas vivências femininas. O filme, no fundo, reforça seu papel como produto de marketing, promovendo lucros para a Mattel enquanto perpetua padrões de beleza irreais. Em vez de subverter expectativas, ele apenas veste um verniz de modernidade em um molde ultrapassado, sem alcançar profundidade ou autenticidade.
★★★★★★★★★★