Filme de Todd Phillips com Joaquin Phoenix domina o Top 1 do Max por 30 dias consecutivos Divulgação / Warner Bros.

Filme de Todd Phillips com Joaquin Phoenix domina o Top 1 do Max por 30 dias consecutivos

“Bem-vindos, senhoras e senhores! Eu serei o mestre de cerimônias desta noite!” Embora o início eletrizante, com a tensão meticulosamente construída durante um roubo a banco, marque o ritmo em “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (2008), de Christopher Nolan, é só quando essa frase surge que o filme atinge seu ponto de ignição. Já “Coringa: Delírio a Dois”, dirigido por Todd Phillips, jamais encontra esse ponto de equilíbrio. Apesar da proposta interessante de explorar a complexidade psicológica de um dos antagonistas mais emblemáticos da cultura pop, o resultado tropeça em sua pretensão. Phillips busca evidenciar o ser humano por trás da máscara e do sorriso descompassado, mas escorrega em uma narrativa que carece de intensidade. Essa nova abordagem ao vilão, que remete à sua interpretação controversa de 2019, acaba sendo mais um exercício estilístico do que uma obra coesa.

O longa, que poderia muito bem ser renomeado “Arthur Fleck”, deixa o icônico Coringa à margem. Aqui, o personagem que já foi a personificação do caos em Gotham City surge como uma sombra do que foi: contido, introspectivo e enclausurado no Asilo Arkham. Phillips e o co-roteirista Scott Silver destacam o drama pessoal de Fleck, optando por um retrato clínico de sua insanidade. É uma escolha que enfatiza sua fragilidade e desconstrói o arquétipo do palhaço demoníaco. A produção inclui momentos de lirismo, especialmente na maneira como a deterioração mental do protagonista é retratada, mas esbarra na ausência do carisma sombrio que outrora definiu o personagem.

Mesmo em confinamento, Fleck escapa para seu mundo imaginário, repleto de números musicais e piadas que diverte os carcereiros e o mantém em atividade. São nas brechas desse devaneio que o filme tenta evocar a dualidade que tornou o vilão tão cativante. A entrada em um programa de aulas de canto, parte de um tratamento experimental, revela uma faceta mais vulnerável do personagem e o aproxima de Lee Quinzel, que surge como figura crucial no desenrolar de sua trajetória.

Joaquin Phoenix, mais uma vez, entrega uma performance que explora nuances de sua capacidade interpretativa, mas sem alcançar a transformação visceral de sua performance anterior no mesmo universo. Lady Gaga, por sua vez, mantém seu status como artista versátil, embora sua participação neste musical pouco agregue ao que se esperava de sua química com Phoenix. Sua performance está distante do brilho exibido em projetos como “Nasce Uma Estrela” (2018), dirigido por Bradley Cooper. Ao final, “Coringa: Delírio a Dois” deixa a sensação de ser uma obra demasiadamente ensimesmada, um reflexo de seu próprio título, mas incapaz de traduzir plenamente a complexidade do universo que tenta revisitar.

Filme: Coringa: Delírio a Dois
Diretor: Todd Phillips
Ano: 2024
Gênero: Musical/Thriller
Avaliaçao: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★