Keanu Reeves entrega um desempenho arrebatador no terceiro capítulo da saga “John Wick”, mergulhando mais fundo na dualidade de um anti-herói que luta contra seu destino implacável. Vestido de forma impecável, mas carregando o peso de escolhas devastadoras, ele se move como uma tempestade controlada. Sob a condução de Chad Stahelski, um mestre em transformar combate em narrativa visual, o filme atinge níveis de sofisticação raramente vistos no gênero. Cada cena de ação, coreografada com precisão quase artística, captura a tensão entre caos e ordem, enquanto cenários únicos, como estúdios de balé e arsenais ocultos, conferem ao filme uma atmosfera visceral e memorável.
A trama começa exatamente onde o segundo filme encerrou: Wick, agora excomungado e sem o refúgio do Hotel Continental, se torna alvo de uma recompensa milionária. Sua luta pela sobrevivência o leva a confrontos tão brutais quanto engenhosos, com destaque para a emblemática cena na Biblioteca Pública de Nova York, onde um simples livro se torna uma arma letal. A cinematografia de Dan Laustsen e a edição de Evan Schiff elevam cada sequência de ação, transformando violência em puro cinema. Ao mesmo tempo, o enredo explora as complexas regras e hierarquias do submundo, em que alianças podem ser tão traiçoeiras quanto letais.
Personagens coadjuvantes trazem profundidade à narrativa. Anjelica Huston encarna uma figura poderosa que mistura austeridade e graça, enquanto Halle Berry, como Sofia, compartilha com Wick uma dinâmica carregada de tensão e emoção. Apesar de sua participação breve, ela adiciona nuances às cenas de ação, com seus cães de ataque se tornando extensões de sua força e lealdade. Os antagonistas, por outro lado, oferecem uma gama fascinante de personalidades: Asia Kate Dillon é a personificação de autoridade fria e implacável, enquanto Mark Dacascos injeta humor e intensidade nas batalhas, especialmente no confronto climático dentro do Continental, uma sequência que combina destruição meticulosa e beleza cinematográfica.
O filme também aprofunda a luta interna de Wick. Ele é um homem que tenta escapar de um ciclo de violência que ameaça sua humanidade, mas que precisa abraçá-lo para sobreviver. A fotografia equilibra brilho e sombra, refletindo sua jornada ambígua. Elementos estilísticos remetem a referências como faroestes clássicos e os filmes de ação estilizados de John Woo, criando um universo estético tão magnético quanto imersivo. Essa combinação de tensão moral, visual deslumbrante e ação ininterrupta mantém o espectador hipnotizado do início ao fim.
Com um desfecho impactante que prepara o terreno para o próximo capítulo, o filme reafirma a excelência da franquia como um marco no gênero de ação. Keanu Reeves oferece uma performance que combina força e vulnerabilidade em igual medida, personificando um personagem que parece indestrutível, mas permanece profundamente humano. A união de direção visionária, performances intensas e design impecável transforma o filme em uma experiência única. Não apenas uma obra de ação, mas uma criação que redefine o que o gênero pode alcançar — um triunfo absoluto que deixa o público ansioso por mais.
★★★★★★★★★★