O período da Guerra Fria (1947-1991) segue inspirando narrativas de tensão em variados contextos. A constante é a oposição entre os Estados Unidos e a União Soviética, que promovia o socialismo como solução ideal para uma sociedade mais justa. Contudo, resta a dúvida: os próprios soviéticos acreditavam nesse ideal ou apenas usavam-no como fachada enquanto líderes desfrutavam os privilégios do capitalismo, mantendo a população em restrições flagrantes?
No enredo de “Salt”, uma agente dupla transita entre o ressurgido autoritarismo russo e o liberalismo norte-americano. Por isso, torna-se alvo de várias organizações secretas – algumas desejando recrutá-la, outras empenhadas em eliminá-la. Evelyn Salt, interpretada por Angelina Jolie, é uma figura enigmática, cuja força e habilidades parecem inverossímeis, mas cativam. O roteiro de Kurt Wimmer a transforma, explorando os sacrifícios pessoais e a solidão de uma vida movida por convicções e não por conformismo.
Logo no início de “Salt”, a protagonista, agente da CIA, enfrenta torturas em uma prisão sombria da Coreia do Norte. Por intervenção de Kim Jong-il, ela é inesperadamente libertada, graças a esforços diplomáticos norte-americanos que a deixam perplexa. O reencontro com seu marido, Mike Krause, é um raro momento de calma antes de seu envolvimento em tramas ainda mais perigosas. Flashbacks revelam o relacionamento do casal, marcado por uma serenidade ilusória diante do caos que se aproximava.
A narrativa ganha força com a introdução de Oleg Orlov, vilão vivido por Daniel Olbrychski, cujo envolvimento com Salt desencadeia uma perseguição implacável. Acusações e conspirações surgem, e a protagonista passa a ser perseguida por seu próprio serviço secreto. Entre os antagonistas, destaca-se Ted Winter, papel de Liev Schreiber, cuja rivalidade com Salt conduz a intensos confrontos. O embate final entre os dois é o ápice de um roteiro que combina ação desenfreada e reflexões sobre lealdade.
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