Na Netflix, um suspense de ação tão eletrizante que só Denzel Washington poderia protagonizar Divulgação / Columbia Pictures

Na Netflix, um suspense de ação tão eletrizante que só Denzel Washington poderia protagonizar

Denzel Washington retorna com segurança ao papel de Robert McCall, reafirmando sua posição como um dos mais notáveis nomes da ação contemporânea. Dirigido novamente por Antoine Fuqua, McCall se apresenta como um justiceiro meticuloso, equilibrando momentos de violência precisa com uma faceta inesperada: a paixão por obras literárias clássicas. Esse contraste entre brutalidade e sensibilidade guia o personagem em sua busca por justiça, enquanto ele tenta reparar um mundo marcado por desigualdades. Nesta sequência, o protagonista enfrenta desafios mais complexos, mas as questões centrais de sua trajetória permanecem abertas, alimentando o mistério em torno de sua figura.

A trama tem início em um trem de alta velocidade na Turquia, onde McCall demonstra sua frieza ao lidar com adversários armados e salvar uma criança sequestrada. De lá, o espectador é levado à vida mais comum do personagem, agora como motorista de aplicativo, equilibrando corridas diárias com intervenções discretas para proteger vítimas de abusos ou resgatar jovens ameaçados pelo crime. Entre esses momentos, sua relação com Miles, um adolescente talentoso, emerge como um ponto alto, ao explorar os dilemas de um mentor que também luta com suas próprias contradições.

Ainda que o filme acrescente camadas emocionais, o equilíbrio entre ação e profundidade se mostra frágil. Washington brilha em cenas de interação, como ao orientar Miles sobre escolhas de vida ou ao revelar seu apreço por obras como “Em Busca do Tempo Perdido”, mas a narrativa frequentemente cede a excessos. A batalha final, ambientada em meio a um furacão, entrega visualmente, mas soa desconectada da autenticidade buscada nos momentos mais intimistas. Além disso, subtramas paralelas, como a de um sobrevivente do Holocausto em busca de uma pintura, dispersam a atenção da história principal.

O ponto central permanece a complexidade de McCall. Como mentor e executor, ele provoca empatia e desconforto. Sua brutalidade calculada desafia qualquer visão idealizada, enquanto sua humanidade é explorada com nuances. Washington entrega uma interpretação sólida, mas o roteiro não se compromete a esclarecer quem, de fato, é McCall, mantendo-o enigmático até o fim. Essa escolha, embora instigante, pode frustrar espectadores que buscam respostas mais definitivas.

Comparado ao primeiro filme, esta sequência apresenta avanços, especialmente no aprofundamento das interações emocionais, mas não atinge o impacto de colaborações marcantes como “Dia de Treinamento”. A direção de Fuqua conduz bem cenas de ação e drama, mas falha ao equilibrar as ambições do roteiro com o apelo do gênero. No fim, o filme sustenta-se quase inteiramente na força de Washington, cuja habilidade em misturar fragilidade e poder continua impressionante.

“O Protetor 2” oferece uma experiência cativante em certos momentos, mas não escapa das inconsistências que comprometem sua narrativa. Ainda assim, para os admiradores de Denzel Washington, sua atuação é motivo mais que suficiente para embarcar em mais um capítulo da vida de Robert McCall.

Filme: O Protetor 2
Diretor: Antoine Fuqua
Ano: 2018
Gênero: Ação/Thriller
Avaliaçao: 9/10 1 1
★★★★★★★★★