Proibido para cardíacos: thriller policial com Sally Field e Kiefer Sutherland, na Netflix, vai te impactar com tensão crescente Divulgação / Paramount Pictures

Proibido para cardíacos: thriller policial com Sally Field e Kiefer Sutherland, na Netflix, vai te impactar com tensão crescente

Se alguém que você ama fosse assassinado e a Justiça falhasse em punir o criminoso, como você reagiria? Essa é a premissa básica de “Olho por Olho”, um drama criminal estrelado por Sally Field, Kiefer Sutherland e Ed Harris. O longa aborda dilemas morais, o enfrentamento do luto e as dificuldades de lidar com um sistema jurídico que muitas vezes não cumpre seu papel.  

Assim como “Sobre Meninos e Lobos”, de Clint Eastwood, o filme explora as emoções mais intensas de angústia, dor, luto e revolta, provocando reflexões profundas no espectador. A trama central gira em torno da morte brutal e injustificável de Julie (Olivia Burnette), uma adolescente assassinada dentro de casa enquanto aguardava a mãe, Karen (Sally Field), retornar do trabalho para organizar o aniversário da caçula, Megan (Alexandra Kyle).  

A sequência inicial é angustiante: Julie conversa ao telefone com Karen quando é atacada por um assassino em série. Presa no trânsito, Karen escuta, impotente, os gritos de socorro da filha, seguidos por um silêncio devastador. Ao chegar em casa, é tarde demais. A tragédia já aconteceu, e o vazio deixado pela perda de Julie dá início a uma jornada dolorosa.  

A investigação conduz rapidamente à identificação do culpado, Robert Dobbs (Kiefer Sutherland), um entregador de supermercado. Exames de DNA confirmam sua culpa, mas, devido à falta de uma autorização judicial para a coleta da evidência, o caso é invalidado no tribunal. Dobbs é absolvido, mergulhando Karen em um estado de desespero e revolta contra um sistema que deveria protegê-la.  

Buscando suporte emocional, Karen passa a frequentar um grupo de apoio para pessoas em luto. Mesmo assim, ela luta para encontrar forças para cuidar de Megan e manter seu casamento com Mack (Ed Harris). Porém, a ideia de justiça pelas próprias mãos começa a tomar forma em sua mente. Karen passa a perseguir Dobbs, elaborando um plano para assassiná-lo. Contudo, a perseguição não é unilateral: Dobbs percebe estar sendo vigiado e começa a representar uma ameaça real para Karen e sua família.  

O filme gradualmente aumenta a tensão até o confronto final entre Karen e Dobbs. Nesse embate decisivo, surge a grande questão moral da trama: até onde alguém é capaz de ir em busca de vingança? E, mais importante, a vingança realmente traz alívio ou apenas perpetua o ciclo de dor e violência?  

Com uma performance poderosa, Sally Field conduz o espectador através das camadas de sofrimento e determinação de Karen, levando a narrativa ao seu ápice emocional. No entanto, o filme peca em alguns aspectos. A profundidade de Robert Dobbs, que poderia ser um vilão mais complexo, é limitada, reduzindo parte da tensão psicológica que a história poderia alcançar. Além disso, Mack, que deveria ser um ponto de apoio ou contraste para Karen, tem um papel relativamente apagado, enfraquecendo a dinâmica familiar que poderia enriquecer a trama.  

Ainda assim, “Olho por Olho” é um filme que provoca discussões relevantes sobre a falibilidade do sistema judicial e as consequências devastadoras da busca por justiça fora da lei. A obra evidencia como, muitas vezes, a Justiça falha em cumprir sua função, deixando as vítimas e seus entes queridos desamparados.  

Embora o roteiro tenha suas limitações, a intensidade dramática de Sally Field e a tensão crescente sustentam o interesse do espectador. A jornada de Karen é um retrato sombrio da luta entre a necessidade de encontrar paz e a tentação de ceder ao desejo de vingança, tornando “Olho por Olho” uma experiência cinematográfica que, apesar de suas falhas, não deixa de impactar profundamente.  

Filme: Olho Por Olho
Diretor: John Schlesinger
Ano: 1996
Gênero: Crime/Drama/Thriller
Avaliaçao: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★
Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.