Primeiro filme de Paul Feig para a Netflix, filme de aventura e fantasia com Charlize Theron foi visto por 32 milhões de espectadores na semana de estreia Helen Sloan / Netflix

Primeiro filme de Paul Feig para a Netflix, filme de aventura e fantasia com Charlize Theron foi visto por 32 milhões de espectadores na semana de estreia

A solidão acompanha a humanidade do começo ao fim, mas os mais perspicazes percebem cedo que, para tornar o convívio com os outros algo que realmente valha a pena, é preciso dedicação. Curiosamente, muitas dessas interações são marcadas por uma ausência de interesse genuíno, enquanto o impulso instintivo de isolamento frequentemente cede à necessidade quase compulsiva de adequação social. Essa luta nos leva a seguir normas implícitas, abandonando temporariamente nossos traumas e peculiaridades que tornam a vida mais suportável. Apesar do peso da rotina, há momentos raros em que encontramos pessoas que compartilham a mesma visão de mundo. Esses encontros podem transformar o ordinário em extraordinário, sem necessariamente envolver o amor romântico.

A amizade, uma forma de amor que dispensa proximidade física, também carrega seus próprios desafios. Como qualquer relação, tem seus momentos de tensão e harmonia. Brigas surgem, algumas insignificantes, outras capazes de ameaçar a própria existência do laço. Com o tempo, a maturidade ensina que as conexões formadas na infância têm maior chance de resistir às adversidades da vida. Contudo, essas relações são frequentemente enfraquecidas pelas mudanças inevitáveis do crescimento. Quando bem cultivadas, amizades podem moldar histórias, transformar realidades e, com um pouco de sorte, desafiar as leis do tempo e da distância. Elas são uma fusão improvável de sentimentos contraditórios, criando algo único e perene, um segredo compartilhado entre almas afins.

Essa celebração dos laços humanos encontra expressão em “A Escola do Bem e do Mal” (2022), dirigido por Paul Feig. Baseado no romance de Soman Chainani, o filme combina elementos de conto de fadas e fantasia moderna para revisitar memórias preciosas da infância, uma época mágica que nos define. O roteiro, coescrito por Feig e David Magee, alterna entre possibilidades de finais trágicos ou repletos de felicidade, mantendo o espectador intrigado. Longe da austeridade da realidade, a narrativa é um espetáculo visual, explorando um mundo vibrante que transcende o cinza cotidiano.

Com um orçamento generoso, o filme reúne um elenco de peso, incluindo Charlize Theron, Kerry Washington e Michelle Yeoh. A produção visual é impecável, rivalizando com as mais ambiciosas realizações do gênero. A trama segue Sophie (Sophia Anne Caruso) e Agatha (Sofia Wylie), amigas de Gavaldon, um vilarejo perdido no tempo. Sophie, loira e sonhadora, encarna o arquétipo da heroína clássica, enquanto Agatha, mais pragmática, hesita em abandonar a segurança do lar. O desejo de Sophie as impulsiona para além dos limites do conhecido, onde um pássaro sombrio as transporta para a escola do título, um lugar dividido entre forças opostas, simbolizadas por dois irmãos que personificam o bem e o mal.

Feig guia a narrativa com habilidade, sugerindo um possível erro na destinação das protagonistas, uma questão que só é resolvida após uma reviravolta envolvendo abelhas e segredos enterrados. O filme também insinua, com delicadeza, uma dimensão romântica entre Sophie e Agatha, desmontada no clímax. No fim, prevalece o tema central: a amizade altruísta, capaz de superar até mesmo o amor romântico. Quando uma das personagens renuncia a um afeto nascente em nome de um vínculo mais profundo, fica claro que a verdadeira magia está nos laços que escolhemos preservar, naqueles que nos definem e nos tornam inteiros.

Filme: Escola do Bem e do Mal
Diretor: Paul Feig
Ano: 2022
Gênero: Ação/Drama/Fantasia
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★