Thriller surpreendente com Keanu Reeves e Gabriel Basso, que vai prender seu fôlego, na Netflix Divulgação / FilmNation Entertainment

Thriller surpreendente com Keanu Reeves e Gabriel Basso, que vai prender seu fôlego, na Netflix

Filmes de tribunal ocupam um espaço peculiar no cinema, equilibrando o fascínio por narrativas jurídicas com a curiosidade inerente ao comportamento humano sob julgamento. Esses enredos, muitas vezes movidos por mistérios e reviravoltas, conquistam espectadores ávidos por acompanhar os bastidores de decisões que moldam destinos. “Versões de um Crime” navega por esse território familiar, sustentado por um elenco notável que, embora amenize algumas falhas estruturais, não consegue evitar que o longa tropece em armadilhas comuns ao gênero.

Dirigido por Courtney Hunt, cujo trabalho em “Rio Congelado” (2008) rendeu a Melissa Leo uma indicação ao Oscar, o filme evidencia os desafios de se criar algo genuinamente inovador em um subgênero saturado. Desde sua estreia promissora, Hunt optou por uma trajetória mais discreta, transitando entre televisão e projetos menores, talvez em busca da faísca criativa que marcou sua estreia. Contudo, “Versões de um Crime” se contenta com abordagens convencionais, entregando uma narrativa funcional, mas sem o brilho que poderia elevá-la.

O roteiro de Nicholas Kazan evoca nomes consagrados como John Grisham, estruturando a trama ao redor de um julgamento envolvendo um jovem acusado de matar o próprio pai. Ramsey, vivido por Keanu Reeves, assume a defesa de Mike Lassiter (Gabriel Basso), filho da vítima e amigo de longa data de sua família. A complexidade emocional do caso é amplificada pela presença de Loretta (Renée Zellweger), mãe de Mike e sobrevivente de um casamento marcado por abusos. A relação disfuncional entre pai e filho permeia o enredo, enquanto pistas e flashbacks insinuam motivações ocultas por trás do crime.

Hunt busca conferir profundidade à narrativa ao explorar as ambiguidades do caso e a dinâmica disfuncional da família Lassiter. No entanto, essa tentativa esbarra em uma execução que frequentemente recorre a clichês, diluindo o impacto emocional. A inclusão de Janelle (Gugu Mbatha-Raw), advogada-assistente de Ramsey, oferece frescor à narrativa, mas suas contribuições acabam soterradas por reviravoltas previsíveis e um clímax que beira o absurdo.

Apesar das limitações do roteiro, “Versões de um Crime” encontra momentos de redenção nas performances do elenco. Gabriel Basso entrega uma atuação comovente, que humaniza seu personagem e adiciona camadas ao drama. Renée Zellweger, embora subaproveitada, confere intensidade à figura de uma mãe marcada pelo sofrimento. Já Keanu Reeves se mantém contido, interpretando um advogado mais observador que carismático, o que, embora coerente com o tom do filme, deixa a desejar em termos de impacto.

O principal problema do longa reside na incapacidade de oferecer algo que transcenda sua premissa básica. Enquanto alguns espectadores podem se deliciar com a carpintaria do drama jurídico, muitos podem se frustrar com a superficialidade de suas soluções narrativas. Hunt, mesmo demonstrando domínio técnico, parece relutante em desafiar convenções ou assumir riscos que poderiam enriquecer a experiência.

“Versões de um Crime” é um filme que fala diretamente aos entusiastas do gênero, mas carece de substância para alcançar um público mais amplo. Sua abordagem segura impede que alcance o potencial sugerido pelo talento reunido em seu elenco. Embora levante questões interessantes sobre culpa, verdade e manipulação, o filme se contenta em ser uma peça funcional no quebra-cabeça dos dramas de tribunal, sem a coragem de se destacar como algo verdadeiramente memorável.

Filme: Versões de um Crime
Diretor: Courtney Hunt
Ano: 2016
Gênero: Drama/Thriller
Avaliaçao: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★