Um filme para tocar sua alma: Thomas Horn e Tom Hanks emocionam no Max François Duhamel / Warner Bros. Entertainment

Um filme para tocar sua alma: Thomas Horn e Tom Hanks emocionam no Max

Traçar paralelos entre o 11 de Setembro e o Holocausto pode gerar controvérsias, mas há uma conexão inegável na complexidade e no impacto histórico de ambos. São eventos que transcendem os números e os fatos, deixando marcas profundas na memória coletiva. “Tão Forte e Tão Perto” se aventura por esse território delicado, buscando um olhar poético sobre os atentados de 2001 e tocando de leve nos horrores perpetrados contra os judeus durante os onze anos de domínio nazista sob Adolf Hitler. Dirigido por Stephen Daldry, o filme mergulha na maneira como tragédias globais afetam a intimidade de pessoas comuns. O cineasta, que já havia explorado dilemas éticos e emocionais em “O Leitor” (2007), entrega aqui uma obra onde o luto encontra um alívio na forma de um mistério cheio de ternura e significados.

A fé, muitas vezes ignorada em discussões racionais, torna-se um elemento vital para suportar as crises mais profundas. Acreditar, seja em princípios, pessoas ou em algo maior, permite que o ser humano resista à sua inclinação destrutiva e encontre caminhos para recomeçar. Ao mesmo tempo, a realidade física nos lembra constantemente de nossas limitações, e mesmo os avanços da ciência não eliminam a sensação de que a vida é finita. Nesse cenário, o jovem Oskar Schell emerge como um reflexo dessa dualidade. Dotado de uma inteligência impressionante, ele percebe o mundo com uma sensibilidade que transcende sua idade. Após perder o pai nos ataques às Torres Gêmeas, o garoto se agarra a uma missão enigmática, iniciada com a descoberta de um envelope contendo a palavra “Black”.

O roteiro de Eric Roth, adaptado da obra de Jonathan Safran Foer, constrói uma narrativa que é ao mesmo tempo comovente e estimulante. Thomas Horn, no papel de Oskar, entrega uma interpretação cheia de nuances, enquanto Tom Hanks, no papel do pai, representa o afeto e a segurança que o menino tenta desesperadamente recuperar. Stephen Daldry adota um equilíbrio cuidadoso entre realismo mágico e fantasia, permitindo que a história transite entre a dor e a esperança. Como em “A Lista de Schindler” (1993), de Steven Spielberg, a busca de nomes assume aqui um papel simbólico, refletindo um desejo por conexão e redenção. No entanto, enquanto Spielberg oferece um retrato sombrio da sobrevivência, Daldry aponta para a possibilidade de um recomeço, mesmo em meio ao sofrimento mais profundo.

Filme: Tão Forte e Tão Perto
Diretor: Stephen Daldry
Ano: 2011
Gênero: Aventura/Drama/Thriller
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★