Nos relatos de bravura da Segunda Guerra Mundial, histórias ainda não totalmente reveladas inspiram narrativas marcantes. Uma dessas histórias é retratada em “Número 24”, uma produção norueguesa dirigida por John Andreas Andersen, disponível na Netflix. Baseado nas memórias do resistente Gunnar Sønsteby, o longa traz Sjur Vatne Brean como o protagonista, personificando um estrategista de mente afiada e coragem inquestionável.
A narrativa começa em 1940, com a invasão nazista na Noruega. Gunnar, então um estudante de economia e escritor clandestino, revisita os eventos com um misto de esperança e desilusão. Ele recorda a crença comum de que a guerra acabaria rapidamente, enquanto o confronto apenas começava. Nesse cenário, ele entra em contato com a Milorg, uma rede secreta dedicada a sabotar a ocupação alemã.
Uma missão falha numa floresta culmina em pneumonia, afastando Gunnar das operações por dois anos. Esse período, no entanto, permite que ele amadureça e desenvolva suas habilidades, preparando-o para um retorno decisivo. Ao voltar, assume o codinome “Número 24” e emerge como um dos líderes mais eficientes do movimento, liderando ações audaciosas de sabotagem e inteligência.
O filme explora suas contribuições, como a destruição de instalações nazistas e a organização de rotas de fuga para aliados. Ao mesmo tempo, Gunnar é apresentado como um personagem complexo, cuja frieza e disciplina, embora essenciais ao seu sucesso, frequentemente criam atritos com seus companheiros. Essa dualidade oferece um retrato profundo de um herói marcado por conflitos internos.
A direção de Andersen captura a tensão e o perigo constantes, com cenas carregadas de urgência. A fotografia, em tons sombrios, e a trilha sonora reforçam o clima opressor. A abordagem detalhista do roteiro reflete a precisão que caracterizava as operações de Sønsteby, oferecendo um olhar fiel, ainda que distante, sobre o protagonista e seu contexto.
Mais que um relato histórico, o filme é uma exploração íntima de sacrifícios e escolhas em tempos extremos. Ao destacar os desafios da resistência norueguesa, convida o espectador a refletir sobre o preço da liberdade e a resiliência necessária para preservá-la. É uma narrativa que transcende o registro factual, transformando-se em uma experiência poderosa e educativa.
★★★★★★★★★★