Ação com Julianne Moore e Liam Neeson, na Netflix, lidera o Top 1 de filmes mais assistidos do Brasil na atualidade Myles Aronowitz / Universal Pictures

Ação com Julianne Moore e Liam Neeson, na Netflix, lidera o Top 1 de filmes mais assistidos do Brasil na atualidade

Enquanto a maioria dos voos transatlânticos entrega pouco mais que conforto modesto e horas de tédio, este longa desafia expectativas ao transformar o confinamento de um Boeing 767 em um palco de tensão, ação e mistério. A história segue Bill Marks, um agente federal marcado por traumas, que precisa enfrentar um jogo mortal: mensagens anônimas ameaçam a vida dos passageiros a cada 20 minutos, a menos que um resgate milionário seja pago. Com cada decisão, o protagonista se vê mais isolado e pressionado, em um ambiente onde suspeita e perigo se misturam a cada instante.

Marks, um homem cujas falhas pessoais são tão evidentes quanto sua determinação, emerge como um personagem complexo. Sua jornada combina fragilidade e coragem, exemplificada em gestos sutis, como tranquilizar uma criança assustada, enquanto é forçado a tomar decisões drásticas para desmascarar o culpado. A interpretação de Liam Neeson dá vida a esse equilíbrio, unindo força emocional e física em uma atuação que imprime humanidade ao suspense. Ele transforma um personagem em crise em um elemento central da narrativa, elevando a tensão que permeia cada cena.

A direção de Jaume Collet-Serra aproveita a claustrofobia do avião para criar uma atmosfera sufocante e envolvente. Sem desvios para outros cenários, o filme prende o espectador ao interior da aeronave, tornando cada detalhe essencial para a trama. Revelações como contas bancárias suspeitas, passageiros com comportamentos ambíguos e dispositivos explosivos são elementos que mantêm a adrenalina em alta, enquanto a narrativa ecoa o estilo de obras investigativas consagradas, mas com um toque moderno e dinâmico.

Um diferencial marcante está no uso de tecnologia, com mensagens de texto exibidas na tela para substituir diálogos expositivos e ampliar a sensação de paranoia. O elenco de apoio, incluindo Julianne Moore e Michelle Dockery, contribui para enriquecer o enredo, trazendo nuances a personagens que equilibram mistério e empatia. Embora mais discreta, Lupita Nyong’o também agrega valor à dinâmica do grupo, mesmo com um papel menor. Essas interações sustentam a tensão ao explorar a ambiguidade de cada passageiro.

O roteiro, embora eficiente em grande parte, apresenta fragilidades ao justificar as motivações do antagonista. O clímax perde parte de seu impacto ao oferecer explicações que carecem de profundidade, o que enfraquece o peso dramático do desfecho. Ainda assim, cenas de ação bem executadas e a intensidade de Neeson garantem que o filme continue a capturar a atenção do público. As falhas narrativas, embora notáveis, não comprometem o mérito geral da obra como um thriller competente.

Liam Neeson reafirma sua relevância como um dos rostos mais marcantes do gênero. Desde personagens icônicos em produções anteriores, ele continua a surpreender ao equilibrar vulnerabilidade emocional e intensidade física. Aqui, sua atuação transcende expectativas, trazendo autenticidade e peso a um papel que poderia cair em clichês, mas que, nas mãos do ator, ganha profundidade.

Mais do que um thriller comum, o filme transforma uma premissa simples em uma narrativa eletrizante, repleta de reviravoltas e ritmo pulsante. Com direção sólida, atuações marcantes e uma abordagem visual cativante, ele entrega uma experiência imersiva que vai além do entretenimento convencional. Mesmo com limitações em seu desfecho, a obra mantém o espectador envolvido até o último instante, elevando a adrenalina e assegurando uma jornada memorável entre as nuvens.

Filme: Sem Escalas
Diretor: Jaume Collet-Serra
Ano: 2014
Gênero: Ação/Mistério/Thriller
Avaliaçao: 9/10 1 1
★★★★★★★★★