“Transformers: Rise of the Beasts” propõe uma nova faceta a um universo familiar. Enquanto robôs gigantes permanecem exilados na Terra, um mal maior assola o horizonte: alienígenas servindo a um deus destrutivo, capaz de dizimar planetas para perpetuar sua existência. Esse contexto de escala cósmica é pano de fundo para o primeiro longa da franquia desvinculado da direção de Michael Bay.
Sob o comando de Steven Caple Jr., a produção mantém o espírito de entretenimento escapista e frenético que caracterizou as seis obras predecessoras, incluindo “Bumblebee”, dirigido por Travis Knight, que equilibrou ação com uma narrativa mais emotiva. Agora, a trama revisita elementos do passado enquanto busca autonomia. A história começa com B-127, um Autobot forçado a abandonar Cybertron sob ameaça de aniquilação pelos Decepticons. A Terra, com sua vasta extensão e bilhões de habitantes, surge como um refúgio improvável, mas estratégico.
O roteiro de Joby Harold, Darnell Metayer e Josh Peters insere novas camadas ao universo Transformers, ancorando a narrativa em personagens humanos que ampliam o vínculo emocional com o público. Noah Diaz, interpretado por Anthony Ramos, é um ex-especialista em segurança militar enfrentando as dificuldades de uma Nova York hostil. A responsabilidade de cuidar do irmão caçula, Kris, interpretado com sensibilidade por Dean Scott Vazquez, obriga Noah a buscar desesperadamente emprego, culminando em um encontro acidental com o Porsche que esconde Optimus Primal, dublado com carisma por Ron Perlman.
Enquanto isso, Elena, vivida por Dominique Fishback, trabalha como estagiária no Museu Nacional de Imigração. Durante uma análise de uma escultura pré-colombiana, ela descobre a misteriosa Chave Transwarp, peça central para os destinos tanto dos Transformers quanto da humanidade. A colisão das jornadas de Noah e Elena oferece uma crítica social afiada. Caple Jr. reúne esses dois jovens negros em um cenário onde sua invisibilidade na sociedade torna-se motor de transformação.
A partir desse ponto, o filme avança para uma batalha épica pela sobrevivência de Cybertron, explorando temas de resistência e colaboração. A força interpretativa de Ramos e Fishback confere autenticidade a uma história que, em mãos menos habilidosas, poderia parecer genérica. A metáfora de libertação e reconstrução que permeia “Rise of the Beasts” transforma a ação desenfreada em um espetáculo cativante, pontuado por uma narrativa que vai além do superficial, refletindo sobre identidade e pertencimento em um universo maior que a vida.
★★★★★★★★★★