O melhor filme de ação dos últimos 5 anos — últimos dias na Netflix Divulgação / Summit Entertainment

O melhor filme de ação dos últimos 5 anos — últimos dias na Netflix

Keanu Reeves assume mais uma vez o papel do impiedoso assassino profissional na terceira etapa de uma das franquias mais bem-sucedidas do cinema contemporâneo. Em um mundo ideal, governado por leis sólidas e respeito mútuo, figuras como Jonathan “John” Wick seriam dispensáveis. Entretanto, em uma realidade onde a ordem se dissolve frequentemente em caos e arbitrariedade, sua existência é quase inevitável, um reflexo das contradições entre justiça e sobrevivência.

Sob a direção de Chad Stahelski, o longa mergulha na complexidade moral do protagonista, explorando sua luta entre ética e necessidade. A fotografia de Dan Laustsen transita entre a luz vibrante que destaca os cenários urbanos e os tons sombrios que ecoam a melancolia e a misantropia do protagonista. Essa atmosfera visual é complementada por um roteiro que alinha brutalidade e profundidade, desenvolvido por Chris Collins, Shay Hatten e Derek Kolstad.

A trama ganha dinamismo desde o início, quando Wick chega à Biblioteca de Nova York em busca de um amuleto escondido em um livro do folclorista russo Aleksandr Afanásiev. O objeto, que se revela crucial para sua fuga, simboliza a mistura de sofisticação e violência que define sua trajetória. Perseguido por uma recompensa milionária, o anti-herói se lança em uma corrida alucinante, onde cada escolha reforça sua sobrevivência enquanto expõe suas fragilidades.

Cenas intensas, como a luta inicial utilizando o livro como arma improvisada, demonstram uma coreografia impecável e carregada de simbolismo. Pequenos gestos, como devolver o volume à estante após o confronto, revelam detalhes significativos que enriquecem a narrativa para os espectadores mais atentos. O roteiro, ao entrelaçar ação frenética com referências culturais, mantém a profundidade do universo do personagem.

O icônico Hotel Continental ressurge como refúgio e palco de novas tensões, acolhendo personagens como Charon, vivido pelo saudoso Lance Reddick, e a misteriosa ex-mentora de Wick, interpretada por Anjelica Huston. Enquanto algumas participações, como a de Halle Berry ao lado de seus cães treinados, podem ser vistas como menos essenciais, outras adições ampliam a densidade da trama, reforçando os laços do protagonista com seu passado.

A narrativa encontra inspiração nos clássicos faroestes de Clint Eastwood, evocando a atmosfera de obras como “Por um Punhado de Dólares” e “Os Imperdoáveis”. No entanto, a ação é transposta para um universo contemporâneo com tons pós-apocalípticos, onde a violência é a linguagem predominante. Esse mundo caótico reflete a jornada de um protagonista em constante batalha, ainda distante de qualquer redenção definitiva.

Em “Parabellum”, Stahelski entrega um espetáculo de ação que combina estética apurada e narrativa envolvente, destacando-se tanto pelos embates viscerais quanto pelas nuances emocionais de seus personagens. Apesar de apontar para novos desdobramentos em “Baba Yaga”, a saga de John Wick deixa no ar a incerteza sobre os limites de sua longevidade. A corda parece esticada ao máximo, desafiando a capacidade da série de manter sua força narrativa.

Filme: John Wick 3: Parabellum
Diretor: Chad Stahelski
Ano: 2019
Gênero: Ação/Suspense
Avaliaçao: 9/10 1 1
★★★★★★★★★