O amor carrega consigo um peso singular, um desafio que muitas vezes se oculta sob camadas invisíveis, mas que exige enfrentamento para que a felicidade se concretize. Em “Sua Culpa”, a impossibilidade de amar sem conflitos é central, e Domingo González não hesita em se aprofundar nos aspectos mais delicados dessas interações. Em seu segundo longa-metragem, o diretor espanhol foca nos espaços íntimos de seus personagens, acertando ao explorar suas relações, ainda que tropece ao sugerir comportamentos ideais, especialmente considerando que os protagonistas não primam pela moralidade irrepreensível.
A adaptação realizada por González e Sofía Cuenca do romance homônimo da argentina Mercedes Ron, segunda parte de uma trilogia iniciada em 2017, mantém o foco nas inquietações de um jovem casal. Assim como em “Minha Culpa” (2023), o filme aborda as mudanças inevitáveis da juventude, intensificadas pelas escolhas e pelas revelações súbitas que desafiam o vínculo entre Noah e Nick. O relacionamento, que transforma o que antes era cinzento em algo vibrante, revela mistérios que ultrapassam a compreensão dos protagonistas.
Noah e Nick atravessam um período de afastamento, reencontrando-se na festa de maioridade dela, em uma sequência que une intensidade e intimidade. A partir daí, González explora a tensão física e emocional entre os dois, substituindo gradualmente os momentos de paixão por uma trama de intrigas que envolve Nick e os personagens que circundam sua vida profissional. Enquanto isso, Noah demonstra uma resistência a se moldar às expectativas do namorado, reiterando a ideia de independência feminina já explorada no primeiro longa.
Nicole Wallace e Gabriel Guevera interpretam Noah e Nick com sensibilidade, capturando as sutilezas do amadurecimento de ambos. O elenco ganha reforços com Álex Béjar, como a colega universitária Briar, e Gabriela Andrada, que interpreta Sofía, uma rival sofisticada. Apesar de se manter fiel à fórmula do primeiro filme, o enredo deixa espaço para o capítulo final, “Minha Culpa: Londres”, que já gera expectativas entre os fãs mais atentos, com lançamento previsto para 2025 sob a direção de Charlotte Fassler e Dani Girdwood.
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