Baseada em história real, ação que Harrison Ford revelou ter odiado gravar, está na Netflix Divulgação / Revolution Studios

Baseada em história real, ação que Harrison Ford revelou ter odiado gravar, está na Netflix

A inspiração por trás de “Divisão de Homicídios” remonta ao encontro entre o cineasta Ron Shelton e o policial Robert Souza, que atuou como consultor nas gravações de “A Face Oculta da Lei” (2002). Fascinado pelos detalhes da vida de Souza, Shelton moldou o roteiro dessa comédia policial em torno de experiências autênticas, trazendo para a tela um retrato singular da rotina policial, com doses de humor e ironia.

Souza, além de veterano da força policial, acumulava experiência como consultor em produções cinematográficas, garantindo a verossimilhança das cenas envolvendo investigações e procedimentos legais. Ele também trabalhava como corretor imobiliário para complementar sua renda, um aspecto que foi diretamente incorporado à construção do personagem Joe Gavilan, vivido por Harrison Ford. Essa peculiaridade trouxe um elemento humano e inusitado ao filme, conectando o protagonista a dilemas financeiros e emocionais com os quais muitos podem se identificar.

Na trama, Gavilan divide a cena com seu jovem parceiro, K.C. Calden (Josh Hartnett). A dupla, longe de ser composta por heróis convencionais, enfrenta desafios tanto no âmbito profissional quanto pessoal. O caso central é o assassinato de membros de um grupo de rap em um clube noturno, um crime que rapidamente se revela conectado às complexas dinâmicas do universo da indústria musical. Rivalidades, traições e a sede por poder alimentam o pano de fundo da história, mas é no desenvolvimento dos protagonistas que o filme encontra sua verdadeira essência.

Joe Gavilan não é apenas um policial tentando desvendar um crime; ele também enfrenta uma crise financeira que ameaça sua estabilidade. Sua tentativa desesperada de vender uma mansão para um rapper é movida pela necessidade de salvar sua própria casa de uma execução hipotecária. Paralelamente, ele se envolve em um romance arriscado com a ex-mulher de um influente membro da corregedoria, que o tem como alvo em uma investigação de supostas fraudes financeiras.

Enquanto isso, K.C. Calden traz ao enredo um toque de irreverência e aspirações artísticas. Mais interessado em perseguir uma carreira como ator do que em resolver crimes, ele equilibra sua vida dupla com uma leveza que contrasta com a seriedade dos problemas de Gavilan. Essa dinâmica cria um contraste cativante, proporcionando momentos de humor e reflexão.

Embora o crime seja o motor inicial da narrativa, “Divisão de Homicídios” é, acima de tudo, um estudo sobre personagens que lutam para encontrar equilíbrio em meio ao caos. O roteiro de Shelton, enriquecido pela experiência de Souza, mergulha nas complexidades da vida policial sem perder de vista os aspectos humanos e, frequentemente, cômicos das situações retratadas. Harrison Ford e Josh Hartnett entregam performances que oscilam entre o drama e o humor, capturando as nuances de seus personagens com habilidade.

No fim das contas, o filme desafia as convenções do gênero policial ao misturar mistério, comédia e um toque de crítica social. “Divisão de Homicídios” se destaca não apenas como um entretenimento leve e divertido, mas também como uma reflexão sobre as escolhas e desafios que definem a vida cotidiana, mesmo para aqueles que carregam um distintivo.

Filme: Divisão de Homicídios
Diretor: Ron Shelton
Ano: 2002
Gênero: Ação/Crime
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★