120 milhões de espectadores, 3 bilhões de bilheteria: a comédia de ação que vale cada segundo do seu tempo

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Desde 1849, a Kingsman atua à sombra do mundo, resolvendo problemas globais com métodos tão pouco convencionais quanto sua própria existência. No entanto, mesmo com um histórico tão peculiar, a organização não hesita em acolher novos recrutas, especialmente quando esses provêm de contextos tão enigmáticos quanto incertos, como o jovem cuja trajetória parece destinada a romper as barreiras de sua origem periférica.

Matthew Vaughn, em “Kingsman: The Secret Service”, explora com habilidade a linha tênue entre o glamour característico da série e o lado sombrio do universo do crime organizado. Inspirado nos quadrinhos de 2012, criados por Vaughn, Mark Millar e Dave Gibbons, o filme mantém seu tom irreverente e absurdamente lógico. A trama se apoia na interação entre um elenco cuidadosamente escolhido, cujo desempenho ilumina os aspectos mais peculiares dessa narrativa delirante, cheia de conexões improváveis.

O pano de fundo é 1997, quando uma crise no Oriente Médio ameaça o equilíbrio mundial. A Kingsman, ligada à tradição dos cavaleiros da Távola Redonda, busca reforços em suas fileiras. Operando a partir de uma discreta alfaiataria em Savile Row, a organização gira em torno de Harry “Galahad” Hart e Gary “Eggsy” Unwin, dois protagonistas que comandam o ritmo da história enquanto enfrentam desafios que misturam a modernidade tecnológica com lendas medievais.

Colin Firth divide a cena com Taron Egerton, que encarna um jovem rebelde, lidando com dramas pessoais e familiares enquanto se insere no universo caótico da espionagem. Juntos, eles enfrentam Valentine, um magnata excêntrico vivido por Samuel L. Jackson, cuja visão megalomaníaca de controle global passa pelo domínio de dispositivos eletrônicos. As nuances no desempenho de Jackson, incluindo alterações sutis na voz, tornam o vilão simultaneamente cômico e ameaçador.

Vaughn demonstra maestria ao equilibrar a violência estilizada do filme com uma sátira que beira o cínico. Referências como a semelhança de Firth com Harry Palmer, o espião rival de 007 vivido por Michael Caine, enriquecem a narrativa. Apesar de certos deslizes na transição entre o início e o final, o elenco aproveita ao máximo seus papéis, entregando uma experiência que, embora imperfeita, não perde sua capacidade de entreter e surpreender.

Filme: Kingsman: The Secret Service
Diretor: Matthew Vaughn
Ano: 2014
Gênero: Ação/Comédia
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★