Após 18 dias consecutivos no Top 1 global, filme da Netflix fecha 2024 como um dos maiores sucessos do ano Divulgação / Netflix

Após 18 dias consecutivos no Top 1 global, filme da Netflix fecha 2024 como um dos maiores sucessos do ano

Em um cenário dominado por produções natalinas previsíveis e fórmulas repetitivas, “Bagagem de Risco” se destaca como uma experiência cinematográfica que escapa do comum. Sob a direção habilidosa de Jaume Collet-Serra, o filme captura a essência dos thrillers de ação clássicos, entregando uma narrativa direta, mas repleta de nuances e intensidade emocional. Longe de ser apenas uma homenagem ao passado, a obra consolida sua identidade ao explorar o dilema humano em meio à adrenalina, criando uma experiência tão contemporânea quanto envolvente.

A trama é centrada em Ethan Kopek (Taron Egerton), um agente da TSA que, em plena véspera de Natal, se depara com uma escolha moral devastadora no tumultuado aeroporto de Los Angeles. Um encontro aparentemente banal com um passageiro (Jason Bateman) o transforma no epicentro de uma intrincada teia de chantagem: permitir que uma mala suspeita passe pela segurança ou arriscar a vida de sua namorada, Nora (Sofia Carson). Esse dilema coloca em xeque valores fundamentais, desafiando o espectador a refletir sobre os limites éticos em situações extremas.

O roteiro, assinado por T.J. Fixman, vai além da tensão superficial ao posicionar o aeroporto como uma metáfora rica em simbolismos. A estrutura claustrofóbica, saturada de vigilância, reflete os dilemas da sociedade contemporânea, onde privacidade e segurança frequentemente entram em conflito. Collet-Serra, mestre em criar atmosferas de constante inquietação, utiliza esse cenário para intensificar a narrativa, transformando corredores, portões e câmeras em elementos que amplificam a sensação de perigo iminente. A ação, cuidadosamente orquestrada, combina momentos de violência crua com instantes de humor sutil e uma boa dose de imprevisibilidade.

Taron Egerton entrega uma performance que equilibra vulnerabilidade e resiliência, construindo um protagonista empático que se destaca por sua humanidade em meio ao caos. Seu Ethan é um reflexo das pessoas comuns que, diante de circunstâncias extraordinárias, revelam força e coragem insuspeitas. Por outro lado, Jason Bateman assume o papel de antagonista com uma habilidade impressionante para dosar ameaça e ironia, conferindo à história um vilão tão carismático quanto inquietante. O embate entre os dois é o motor que sustenta a narrativa e mantém o ritmo em alta, mesmo quando a trama flerta com convenções do gênero.

Embora “Bagagem de Risco” não se proponha a revolucionar o cinema de ação, sua simplicidade cuidadosamente construída se traduz em um lembrete poderoso: há beleza na eficiência narrativa. Em um mercado saturado por produções que muitas vezes sacrificam substância em prol de excessos, o filme se destaca por retornar às bases do gênero. A ambientação natalina, embora discreta, adiciona um senso de urgência emocional, reforçando o peso das decisões que Ethan é obrigado a tomar.

No final, “Bagagem de Risco” se estabelece como uma obra memorável não por sua grandiosidade, mas pela precisão com que entrega aquilo a que se propõe. É um thriller que prende o espectador do começo ao fim, oferecendo não apenas entretenimento, mas uma experiência que provoca reflexão sobre os limites da moralidade e a força do espírito humano diante de desafios extremos. Mais do que um filme para a temporada, é um resgate do que há de melhor no cinema de ação: tensão, personagens cativantes e uma história que permanece na mente muito além dos créditos finais.

Filme: Bagagem de Risco
Diretor: Jaume Collet-Serra
Ano: 2024
Gênero: Ação/Thriller
Avaliaçao: 9/10 1 1
★★★★★★★★★