O filme mais assistido do streaming mundial na atualidade está no Prime Video e lidera o Top 1 global em 89 países Divulgação / Amazon Prime Video

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O amor é mesmo bastante draconiano em seus caprichos, mas há relacionamentos que precisam derrubar uma imensa barreira, tão invisível quanto sólida, para que a felicidade instale-se, afinal. “Sua Culpa” continua a pregar a impossibilidade do sentimento amoroso sem conflitos, e ao se decidir por enfronhar-se nessas questões pantanosas, Domingo González vai longe. Em seu segundo longa, o espanhol faz escolhas acertadas quando se detém nos círculos mais íntimos de seus personagens, ainda que resvale em equívocos ao tentar sugerir modelos de comportamento, tanto pior em se levando em conta que retidão moral não é o forte dos tipos a habitar o enredo.

A adaptação de González e Sofía Cuenca do romance para jovens adultos homônimo da argentina Mercedes Ron, segunda parte da trilogia publicada a partir de 2017, insiste no que o diretor já tinha sido apresentado em “Minha Culpa” (2023), ou seja, as tantas inquietudes de um jovem casal que passa pelas metamorfoses espontâneas da vida, sofrendo as consequências de suas próprias escolhas e obrigado a lidar com o choque de revelações que vêm à tona de só uma vez.

A paixão de Noah e Nick dá cor ao que era meio gris e sem sentido — mesmo que os dois nunca tenham experimentado as duras privações da falta de dinheiro — e faz com que reoxigenem suas perspectivas, corroborando a impressão de que de fato paira um mistério que seus verdes anos não conseguem alcançar. Eles atravessam um período de afastamento e reencontram-se no término da festa em comemoração à maioridade de Noah, com direito a um rapidíssimo intercurso sexual no jardim. A partir de então, o diretor vai explorando essa veia lúbrica de narrativa, e aos poucos a substitui os corpos ardentes de seus protagonistas, cruzando as rodovias dos arredores de Madrid no conversível roxo de Noah, pela rede de intrigas entre Nick e o círculo de personagens que povoam seu hábitat profissional.

Por outro lado, a moça também não parece muito cômoda em restringir-se às esferas do namorado, e González volta ao primeiro filme, quando ficara evidente o propósito de reforçar na anti-heroína a autossuficiência de quem não depende de ninguém para ser feliz. Nicole Wallace e Gabriel Guevera compõem Noah e Nick atentos às variações sutis de ações e reações de um para o outro longa, enquanto novos elementos como Briar, a colega de universidade de Noah vivida por Álex Béjar, e Gabriela Andrada na pele de Sofía, uma rival muito mais sofisticada, ganham merecido espaço. No mais, a fórmula se repete, e “Minha Culpa: Londres”, o desfecho da saga, a ser lançado em 2025 com direção de Charlotte Fassler e Dani Girdwood, já atiça os fãs mais diligentes.

Filme: Sua Culpa
Diretor: Domingo González 
Ano: 2024
Gênero: Comédia/Drama/Romance
Avaliaçao: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★
Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.