Um adulto com vivências complexas cruza o caminho de uma jovem em circunstâncias incomuns, estabelecendo uma conexão inicialmente tensa. Três décadas depois, ambos compartilham uma parceria ambígua, unida por interesses obscuros e desafiada pela iminência da morte. No entanto, como sugere o enredo de Martin Campbell, essa ligação se mantém na esfera do pragmatismo, pontuada por traços de um vínculo próximo ao de pai e filha. O roteiro de Richard Wenk recorre a um argumento já explorado, evocando reminiscências de “O Profissional” (1994), de Luc Besson. A narrativa segue um eixo familiar: o mentor e sua pupila prosperam em empreitadas lucrativas até que um elemento desestabilizador compromete a ordem caótica da dupla.
O ponto de partida remonta a 1991, em Da Nang, Vietnã, onde Anna Dutton se esconde em um galpão repleto de cadáveres. Descoberta por Moody, um assassino letal com raros lampejos de compaixão, o encontro que poderia ser fatal transforma-se em uma aliança instintiva. O flashback dá lugar à ação em Bucareste, com Anna atuando no centro de uma rede criminosa enquanto Moody sofre um acerto de contas. As interações entre Maggie Q e Samuel L. Jackson criam um prólogo robusto, delineando as motivações de Anna, que enfrenta seu passado e retorna ao Vietnã em busca de justiça. Ainda assim, a trajetória não segue como planejado.
Um novo personagem complica a trama: Rembrandt, interpretado por Michael Keaton, assume o papel de um bilionário sofisticado e enigmático. Keaton, em sua habilidade de injetar profundidade a personagens aparentemente rasos, equilibra o charme sedutor de Rembrandt com suas intenções obscuras, envolvendo Anna e o público. Sob a direção de Campbell, os diálogos ganham nuances que suavizam a violência, apoiados pela editora Angela Catanzaro, que realça a coreografia das lutas. Contudo, a narrativa tropeça em convenções familiares, como o clichê do jantar tenso em um restaurante de luxo, onde armas ameaçam sob a mesa, enfraquecendo o impacto da história.
★★★★★★★★★★